O Brasil obteve a nota mais baixa dos últimos oito anos no Índice de Percepções de Corrupção divulgado nesta terça-feira, em Londres, pela Organização Transparência Internacional. O país ficou na 62ª posição de um ranking com 159 países. A pontuação foi de 3,7, numa escala que vai até dez (sendo que dez corresponde ao menor grau de corrupção percebido e zero ao maior grau). O índice calculado pela ONG reflete a opinião de observadores internacionais sobre o grau de corrupção atribuído às relações entre o Estado e a sociedade no Brasil.

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Segundo a Transparência Internacional, a posição do Brasil é reflexo da ausência de medidas decisivas de ataque às causas da corrupção. Segundo a ONG, esse estado de inércia tem persistido há vários anos e - como se constata no caso do mensalão - provoca a ocorrência de novos casos.

- A comunidade internacional de negócios, que faz esta avaliação, não identifica no Brasil a aplicação de medidas para combater a corrupção. Ao longo dos últimos oito anos, o Brasil tem ficado mais ou menos neste mesmo patamar, refletindo uma visão pessimista em relação à capacidade de o país combater a corrupção por meio de uma reforma das suas instituições - afirmou odiretor-executivo da ONG no Brasil, Cláudio Abramo, em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira.

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A entidade adverte que o escândalo do mensalão, surgido em maio de 2005, não teve efeito significativo sobre a avaliação do país, pois este índice é uma média móvel de três anos. Além disso, a maioria dos levantamentos que compõem o índice e que têm data de 2005 foi realizada no máximo até meados do ano e em alguns casos no início do ano.

O país mais bem colocado no ranking de 2005 é a Islândia, com nota 9,7. Em seguida, aparecem Finlândia, Nova Zelândia, Dinamarca e Cingapura. O Chile é o país da América do Sul considerado menos corrupto, na 21ª posição, com nota 7,3. Já o mais corrupto é o Paraguai, na 144ª posição, com 2,1. Bangladesh e Chade estão em último lugar na lista, ambos com 1,7.

A Transparência Internacional explica que, para que se possa avaliar a evolução do Brasil no ranking, deve-se eliminar da lista deste ano os países que não apareciam na do ano passado, que teve 146 participantes. Ao se reordenar o ranking, excluindo as nações que passaram a fazer parte do levantamento apenas neste ano, verifica-se que o Brasil teria passado da 59ª posição em 2004 para a 61ª em 2005. Segundo a ONG, levando-se em conta a margem de erro que afeta a posição de cada país, a percepção internacional sobre a corrupção no Brasil permanece no mesmo nível, apesar da queda no ranking.

Segundo Cláudio Abramo, o Brasil está situado numa faixa com outros 15 países que têm em comum o fato não estarem atravessando um processo de reforma do Estado. Fazem parte deste grupo Arábia Saudita, China, Colômbia e Egito.

- Não se poderia esperar que um país com as carências brasileiras tivesse um grau de integridade semelhante ao da Noruega. A Noruega é muito mais rica. É normal que países mais pobres sejam vistos como mais corruptos, porque o Estado é menos eficiente devido à pobreza - afirmou o diretor-executivo da ONG.

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