O governo cumpriu a promessa e cortou o ponto de servidores federais que estão em greve. De acordo com sindicalistas, o contracheque deste mês tem 12 dias de ponto cortados - de 18 a 30 de junho. Diante do corte, representantes de sindicatos apelaram nesta terça-feira (24) ao ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para que o governo reconsidere essa decisão.
"Foi tensa a reunião, muito tensa. No início, quando o ministro falou que ele já teve ponto cortado, já foi demitido, nós falamos que isso faz parte do passado, antigamente as pessoas eram escravizadas e nem por isso é aceito isso hoje", afirmou o secretário geral do Sindisep-DF (Sindicato dos Servidores Públicos Federais), Oton Neves.
De acordo com Neves, diante do apelo, o governo teria feito a seguinte proposta: "Primeiro: que a gente faça uma trégua de 15 dias para poder devolver o salário que foi confiscado dos contracheques. Segundo: nesse período de 15 dias, o governo apresentará uma proposta às nossas reivindicações", explicou.
A Secretaria-Geral, no entanto, nega que o Planalto tenha feito uma "proposta formal de trégua". Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria, o governo disse que o corte de ponto poderá, eventualmente, ser negociado com o Ministério do Planejamento. Diante disso, o ministro Gilberto Carvalho sinalizou com a ideia de uma suspensão da greve até que o governo apresente uma proposta salarial em meados de agosto.
"O governo tem esse entendimento: que é direito e dever do governo cortar o ponto. Mas sabemos que o "não desconto' pode ser objeto de negociação, como ocorre em qualquer processo de greve", explicou a assessoria do ministro Gilberto Carvalho.
A reunião teve a presença de representantes de quatro entidades sindicais: Sindisep-DF, Sindiprev-DF, Fenasps e a CUT. O secretário geral do Sindisep-DF, Oton Neves, descartou a possibilidade de aceitar a sugestão do governo pela "trégua", mas disse que vai levar a proposta aos sindicalistas. "[Aceitar] essa trégua seria a gente fazer uma greve simplesmente pra não ter desconto do salário. A greve é pra gente aumentar o nosso salário, ter mais concurso público, não é para simplesmente garantir salários. A gente não faz greve pra isso", disse.
Uma nova reunião entre grevistas e governo será realizada até quinta-feira, segundo Oton. O encontro desta vez será com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.
O secretário do Sindisep-DF, Oton Neves, voltou a criticar a falta de uma proposta do governo para os servidores em greve. "O governo já concedeu isenções fiscais aí para os empresários, com valores que dariam para atender todas as reivindicações, e o governo fala que é pra assegurar o emprego e aí está havendo, a cada dia, demissões no ABC, em tudo quanto é lugar. Então, na verdade, está enchendo o bolso dos empresários e em detrimento, inclusive, da garantia de emprego e principalmente da falta de recursos para o serviço público", disse.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Deixe sua opinião