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Presidente Dilma: viagem para a Argentina está ameaçada por causa do orçamento. | Roberto Stuckert Filho/PR
Presidente Dilma: viagem para a Argentina está ameaçada por causa do orçamento.| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A participação da presidente Dilma Rousseff na posse do novo presidente argentino, Mauricio Macri, em 10 de dezembro, está ameaçada se o Congresso não aprovar a mudança da meta fiscal que permitirá ao governo fechar o ano com deficit de R$ 120 bilhões. A votação foi novamente adiada – em princípio, para as 12h desta quarta-feira (2).

Na última s exta-feira (27), a presidente cancelou de última hora as viagens ao Vietnã e ao Japão, que seriam realizadas nesta semana, como parte do bloqueio de R$ 10 bilhões nos gastos considerados não essenciais pelo governo. Entrariam nessa cota também as outras viagens internacionais previstas para dezembro, entre elas a posse na Argentina e a participação da presidente na Cúpula do Mercosul, no Paraguai, no dia 21.

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O cancelamento das viagens tem peso mais simbólico, já que representa uma pequena parcela do valor bloqueado. Seu impacto político e diplomático, contudo, é alto. A suspensão da viagem ao Japão e ao Vietnã já causou um mal-estar com os dois anfitriões. A ausência de Dilma na posse do vizinho não seria menos constrangedora.

Macri, o nome de centro-direita, que não era a preferência do Planalto na disputa, já anunciou que seu primeiro destino internacional será o Brasil e manifestou vontade de conversar com Dilma em Brasília antes mesmo de receber a faixa presidencial. Não prestigiá-lo em sua posse seria uma descortesia que, além de tudo, arrisca as relações bilaterais neste momento. Uma eventual ausência na cúpula do Mercosul também seria negativa para Dilma.

Em suas primeiras declarações após eleito, Macri disse que irá propor ao bloco acionar a cláusula democrática contra a Venezuela, em razão dos oposicionistas presos pelo governo Maduro. Dependendo do comportamento do presidente venezuelano após as eleições parlamentares deste domingo (6), o argentino pode pressionar, na cúpula, os colegas a iniciarem um processo para suspender Caracas do bloco. A presidente Dilma já se mostrou contrária à ideia.

‘Desconforto’

Nos bastidores, o governo brasileiro reconhece que a decisão de cancelar, pela segunda vez, a viagem da Dilma ao Japão -a primeira foi por causa dos protestos de junho de 2013 – causou um “desconforto” e teve impacto negativo com o governo japonês. Dilma seria recebida pelo imperador Akihito, uma deferência nem sempre concedida a chefes de Estado em visita ao país.

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A presidente enviou uma carta com pedido de desculpas ao imperador pelo cancelamento, mas só no sábado (28), quando os anfitriões já tinham tomado conhecimento pela imprensa da decisão.

Apesar da expectativa de que Dilma se reunisse com o premiê japonês, Shinzo Abe, às margens da conferência do clima em Paris, houve apenas um rápido cumprimento entre os dois no fim de semana.

Segundo a Folha de S.Paulo apurou, quando o Itamaraty entrou em contato com o embaixador do Japão no Brasil, Kunio Umeda, na tarde de sexta (27) para informá-lo da decisão, ele já estava em São Paulo para embarcar para Tóquio.

O Japão é o 6.º maior parceiro comercial do Brasil e deveria ser anunciada na visita a reabertura do mercado japonês à carne bovina brasileira. As exportações tinham sido banidas em 2012, após um caso atípico de doença da vaca louca no país.

Em comunicado, a chancelaria japonesa “lamentou muito” o cancelamento da visita, “que iria acontecer num momento bastante oportuno para o fortalecimento das relações bilaterais”. O texto diz, contudo, que o Japão “continuará se esforçando para o desenvolvimento da parceria”.

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