A frente suprartidária formada para defender a volta dos repasses do governo do estado para a prefeitura de Curitiba acusou ontem o governador Roberto Requião de também estar cortando dinheiro destinado a outras cidades cujos prefeitos não o apoiaram na eleição do ano passado.
A denúncia foi feita pelo senador e ex-candidato ao governo Osmar Dias (PDT), durante audiência pública realizada na Assembléia Legislativa. Osmar desqualificou o argumento do governador de que o repasse dos recursos para Curitiba foi suspenso em função de uma dívida da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) com o governo estadual, contraída há mais de 30 anos. "Não existe problema técnico ou inadimplência. É problema político. Foz do Iguaçu, Paranavaí, União da Vitória, Paranaguá e Pato Branco não têm dívidas da CIC e também não estão recebendo empréstimos só porque os prefeitos me apoiaram na campanha", disse o senador.
O prefeito Beto Richa (PSDB), que também compareceu à audiência, disse que o governo do estado está divulgando "versões infundadas" para explicar o bloqueio dos recursos. Richa também afirmou que o prazo para o governo cobrar a dívida da CIC prescreveu em 2004 argumento que a Gazeta do Povo antecipou ontem em reportagem exclusiva.
A oposição ao governo estadual na Assembléia ainda decidiu ontem convidar oficialmente o secretário estadual do Desenvolvimento Urbano, Luiz Forte Netto, a explicar os motivos que levaram o estado a cortar o repasse de R$ 64 milhões do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU) para Curitiba.
O líder do governo na Assembléia, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), fez uma passagem rápida pela reunião e explicou que, embora a prefeitura argumente que a dívida da CIC prescreveu, a Procuradoria-Geral do Estado insiste que existe uma pendência pelo não-pagamento, o que impossibilita o governo de liberar recursos para a cidade. Ele ainda disse que o governo não discrimina Curitiba. Nos últimos quatro anos do mandato de Requião foram repassados para Curitiba, segundo números do governo, R$ 700 milhões para obras.