Outro lado
Empresas e diretores negam denúncias
As empresas, partidos e diretores citados por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef foram procurados pela reportagem. Em nota, a Petrobras afirma que vem acompanhando e colaborando com as investigações da Operação Lava Jato. A estatal reforça ainda que "está sendo oficialmente reconhecida como vítima nesse processo de apuração".
Em nota assinada pelo presidente Rui Falcão, o PT repudia as declarações de Costa e afirma que todas as doações do partido seguem as normas legais e são registradas na Justiça Eleitoral. "A direção nacional do PT, por intermédio de seus advogados, analisa a adoção de medidas judiciais cabíveis", afirma a nota.
Também por meio de nota oficial, o presidente da Transpetro, Sergio Machado, nega as afirmações atribuídas a Costa. "Trata-se de uma afirmação absurda e falsa", diz a nota. Conforme o documento, Machado tomará as providências cabíveis para restabelecer a verdade.
O Consórcio Camargo Corrêa comunicou, por nota, que repudia qualquer acusação.
A empresa Sanko Sider afirmou por meio de nota que todas as suas vendas se dão por meio de contratos legítimos e os pagamentos ocorrem pelo sistema bancário, com as notas fiscais devidamente contabilizadas e tributadas. "Nossas normas de conduta sempre determinaram comportamento de respeito estrito às leis", diz um trecho da nota.
Os demais citados não responderam à reportagem até as 18h30.
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- OAS depositou US$ 4,8 milhões na conta de Costa
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- Youssef: 60% da propina seguia para agentes políticos
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- Secretário de Finanças do PT nega acusações de Costa
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Em depoimento à Justiça Federal, nesta quarta-feira (8), o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmaram que 3% dos contratos firmados entre a estatal e empresas que participavam de um cartel eram distribuídos entre agentes políticos de três partidos: PT, PMDB e PP. Eles também detalharam o esquema de pagamento de propina e realização de contratos fraudulentos na estatal, que ocorria pelo menos desde 2005, segundo o doleiro.
Youssef e Costa afirmaram que atuavam a mando de "agentes políticos", os quais não puderam ter os nomes citados no depoimento, já que possuem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal. Conforme os réus, o vencedor das licitações era acordado previamente entre as empresas, os agentes políticos e diretores da estatal. Youssef revelou que as empresas que não quisessem colaborar com o esquema não ganhavam obras. "Toda empresa de porte maior já sabia que tinha que pagar o pedágio em qualquer obra que ela fosse fazer na área de abastecimento da Petrobras", disse.
Divisão
Conforme os depoimentos, a divisão dos 3% era feita de acordo com cada obra ou diretoria 2% do valor ia para o PT, por meio da diretoria de Engenharia e Serviços, comandada por Renato Duque. O porcentual de recebimento era maior em comparação com outras diretorias, pois Duque geria desde o processo licitatório até a entrega da obra. Nas diretorias de Gás e Energia e Exploração e Produção, também do PT, os 3% eram totalmente direcionados ao partido. Quando questionado sobre quem faria a distribuição do dinheiro aos agentes políticos, Costa afirmou no depoimento que seria o tesoureiro do partido, João Vaccari.
Já as diretorias da estatal comandadas pelo PP, como a de Abastecimento, dirigida por Costa, e pelo PMDB, como a diretoria Internacional comandada por Nestor Cerveró e, anteriormente, por José Zelada dividiam o 1% restante entre os partidos (que ficava com 60% dessa fatia), os diretores responsáveis e o doleiro Alberto Youssef, que repassava o dinheiro ao PP, e Fernando Soares, conhecido como Baiano, ligado ao PMDB (eles dividiam os 40% restantes) até 2008, a fatia de Youssef era repassada ao então comandante do negócio, o ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. O grupo reservava ainda 20% da verba para as despesas operacionais.
Reserva
De acordo com Costa, para reservar a verba de 3% para a propina, as empresas acresciam este porcentual ao contrato de custos internos e de lucros da empresa o BDI que era de 10% a 20% do orçamento, dependendo da obra. O BDI era a único valor integrante da licitação que a Petrobras não teria controle, o que facilita a reserva da verba para o esquema. O valor, segundo Costa, era entregue por diretores da empresa à Youssef cerca de 60 dias após a assinatura dos contratos com a Petrobras.
No depoimento, o doleiro cita que chegou a receber 10% de comissão de um contrato da Camargo Correa, de R$ 3,48 bilhões. A empreiteira, segundo ele, também desembolsou outros 10% para a diretoria comandada pelo PT. Já Paulo Roberto Costa afirmou também ter recebido cerca de R$ 500 mil do diretor da Transpetro processadora de gás natural vinculada à Petrobras , Sérgio Machado, por conta de contratação de navios que passaram pela Diretoria de Abastecimento.
Empresas envolvidas
Além da Camargo Correa, o doleiro citou outras onze empresas envolvidas no esquema, entre elas a Sanko Sider, que já vinha sendo investigada pela Operação Lava Jato. As empresas superfaturavam obras e faziam contratos entre si de serviços que nunca foram prestados para repassar a propina. Somente a Sanko repassou, entre 2009 e 2013, R$ 29.219.787,00 em propina e comissões para empresas de Alberto Youssef, de acordo com o depoimento.
O doleiro afirmou que recebia o dinheiro da propina pelas contas da GFD Investimentos, da MO Consultoria, e de empresas que mantinha no exterior em nome de Nelma Kodama e Leonardo Meirelles, outros réus da Lava Jato. No depoimento, Youssef destaca que não era chefe do esquema, mas um operador. "Não fui o criador dessa organização, simplesmente fui uma engrenagem para haver o recebimento e os pagamentos aos agentes públicos", disse.
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