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Em depoimento à CPI do Mensalão, o ex-deputado e presidente do PL Valdemar Costa Neto voltou a reconhecer que usou dinheiro não contabilizado do PT (caixa dois) durante a campanha eleitoral em 2002 e que foi induzido ao erro porque não tinha motivos para duvidar da idoneidade do dinheiro que era encaminhado pelo PT através do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Segundo Costa Neto, as negociações do repasse de fundos para o apoio do PL nos estados durante a campanha presidencial começou em junho de 2002 com o ex-tesoureiro, mas que as dívidas do partido nos estados foram agravadas no segundo semestre, etapa preparatória para o segundo turno eleitoral.

- Disse ao Delúbio que tínhamos arrecadado, em agosto, R$ 1 milhão entre empresas parceiras de José Alencar (vice-presidente). O Delúbio disse pra mim que já tinha gasto por conta, e o PL não atingiu os 5% necessários (de representação política para ter direito ao fundo partidário), então só me restava que o Lula ganhasse as eleições. Para isso reforçamos o apoio e os gastos principalmente em São Paulo. Disse ao Delúbio que precisava reforçar São Paulo, e ele me disse "toca pra frente que a gente vê como faz depois" - disse, recordando o acordo eleitoral que fizera com o PT para receber R$ 10 milhões.

Costa Neto revelou que recebeu R$ 6,5 milhões do PT, mas que só possui recibos de R$ 1,7 milhão, repassados pelo ex-tesoureiro do PT por intermédio das agências do empresário Marcos Valério.

- Há recibos de R$ 1,7 milhão dos R$ 6,5 milhões em saques do Banco Rural. Se eu quisesse omitir que recebi, não declararia que recebi os R$ 6,5 milhões. Mas reconheço que R$ 4,8 milhões foram entregues sem nenhuma comprovação. Delúbio pediu que eu fosse ou mandasse um interlocutor para a agência SMP&B e falar com a dona Simone (Vasconcelos, diretora financeira da agência). Todas as vezes que recebi o dinheiro para pagar fornecedores dos materiais de campanha, nunca me preocupei nem tive motivo para desconfiar da origem do dinheiro do PT. Sempre trabalhavam seriamente, só tratavam com gente de bem - disse.

Segundo Costa Neto, a agência de publicidade repassou o primeiro cheque em nome da empresa Guaranhuns Empreendimentos, acusada de lavagem de dinheiro, e que o próprio Delúbio Soares se surpreendeu com o pagamento.

- A primeira vez recebi três cheques, dois de R$ 500 mil e um de R$ 200 mil em favor da Guaranhuns. Liguei para o Delúbio e perguntei por que era aquele cheque. Ele se assustou e voltou após um telefonema com a solução. 'Você vai estar em São Paulo? Eu mando resgatar este cheque com você', disse. A partir daí, os pagamentos eram ordenados em remessas em envelopes lacrados, recebidos por Jacinto (Lamas, ex-tesoureiro do PL) sob a minha recomendação. Nem ele mesmo sabia o que era - disse.

Segundo Costa Neto, o ex-tesoureiro do PT era constantemente alertado por ele da gravidade das dívidas que eram adquiridas pelo PL junto a fornecedores durante a campanha mas, segundo o ex-deputado, o ex-tesoureiro do PT sempre afirmava que "depois das eleições faria um empréstimo".

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