Entrevista
Qual a avaliação que o senhor faz da indicação do filho do ex-governador Orlando Pessuti para o conselho da Itaipu?
Não tenho condições de avaliar a competência técnica dele, pois não o conheço. Mas foi uma indicação política. Sai o pai, entra o filho, e isso dá margem para desconfiar que o critério técnico não foi utilizado. Normalmente os conselheiros de administração são pessoas experientes. Com 31 anos [idade do novo conselheiro], ao menos que ele seja um gênio, ele não tem o perfil de um conselheiro de uma empresa binacional dessa importância.
Como o senhor avalia as indicações políticas para as estatais?
As estatais não têm como não sair de uma indicação política, porque quem manda é o governo, mas deveria ser levado em consideração o critério técnico das pessoas indicadas politicamente. No caso da Petrobras, por exemplo, ficou claro que a presidente Dilma não estava preparada para ser presidente do conselho. (KB)
Clécio Luiz Chiamulera, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) e fundador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
Um dia após ter o nome do filho indicado para o conselho de administração da Itaipu Binacional, o ex-governador do Paraná Orlando Pessuti (PMDB) afirmou que a vaga faz parte de uma "cota" do PMDB no governo federal, mas ressaltou que o filho possui competência para ocupar o cargo. "O que estamos fazendo é sugerir uma pessoa da mais alta responsabilidade e conhecimento dentro de um governo que nós ajudamos a eleger", disse.
O advogado Orlando Moisés Fischer Pessuti foi nomeado na segunda-feira como conselheiro da empresa. Além dele, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, também foi conduzido ao cargo. Os dois devem ocupar a função até maio de 2016, segundo decreto publicado no Diário Oficial da União. Conforme apurou a reportagem, o salário líquido de um conselheiro da Itaipu é de R$ 15.877,44.
Pessuti admitiu que indicou o nome do filho para a vaga que deixou no mês passado. "Quando vim a Brasília protocolar meu pedido de desincompatibilização, sugeri o nome do meu menino ao [vice-presidente] Michel Temer e ao [Aloizio] Mercadante", disse. O ex-governador ocupou a função de conselheiro de Itaipu durante um ano, mas deixou o cargo porque pretende se candidatar ao governo do estado pelo PMDB.
Pesssuti afirmou que Moisés foi aceito por se tratar do único paranaense a ocupar o conselho e por ele ser especialista em advocacia pública. "No período que passei por Itaipu, tínhamos lá engenheiros e economistas, mas não tínhamos um advogado com a formação que o Moisés tem. Há dez anos ele trabalha na área de contratos, licitações e na administração pública", afirmou.
O vereador de Curitiba Bruno Pessuti (PSC), que também é filho do ex-governador, disse que o irmão tem credenciais e experiência para assumir o posto. "Não se trata apenas de uma indicação por parte da família. Ele tem competência para exercer o cargo".
Histórico
O caso de Moisés Pessuti não é o primeiro. Em 2013, a ex-vice-governadora do Paraná Emília Belinati assumiu o cargo de diretora comercial da Sanepar no lugar do filho, Antônio Carlos Salles Belinati (PP), empossado deputado estadual. Ela não era funcionária de carreira da Sanepar.
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