A CPI que investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários aprovou nesta quinta-feira (17) 77 requerimentos de oitivas, para que falem à CPI as pessoas mais próximas a Cachoeira. Foram chamados para depor sua ex-mulher, Andréa Aprígio, e o ex-cunhado, Adriano Aprígio.
Os requerimentos para ouvir o pai do contraventor, Sebastião de Almeida Ramos, e o irmão, Marcos Antonio de Almeida Ramos, também foram aprovados. Além disso, o irmão do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o procurador Benedito Torres, também foi chamado a falar para a CPI. A atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, no entanto, não foi convocada.
A CPI também se aproxima do governo do Distrito Federal: o chefe de gabinete do governador Agnelo Queiróz, Claudio Monteiro, é mais um dos que a Comissão quer ouvir.
Outros membros do grupo de Cachoeira foram chamados para depor. Os delegados da Polícia Federal, Fernando Byron e Deuselino Valadares dos Santos, também foram chamados.
A quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de diversas empresas vinculadas ao esquema do contraventor também foi aprovada nesta sessão. Os parlamentares também vão requisitar informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da movimentação suspeita de várias empresas e pessoas. No entanto, até agora a CPI não aprovou nenhum requerimento referente à construtora Delta ou ao seu ex-administrador, Fernando Cavendish. Também ficou de fora a convocação dos governadores.
Jornalista
A CPI desistiu nesta quinta-feira de colocar em votação um requerimento para que as gravações entre o jornalista Policarpo Jr., da revista "Veja", e Cachoeira, e outras entre o jornalista e membros da organização criminosa fossem separadas de todo o processo. O requerimento foi apresentado pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), com apoio do PT.
O clima ficou tenso, com diversos parlamentares criticando a iniciativa, argumentando que, no fundo, o que setores do PT e o próprio Collor queriam era uma revanche, além de perseguir a liberdade de imprensa. Depois de muita discussão, o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG) declarou prejudicada a votação.
Logo no início dos trabalhos, o relator quis votar, em conjunto, vários requerimentos. Ele alegou que, para melhor encaminhamento, faria blocos. Num deles, incluiu a quebra de sigilos e requisição de servidores. A intenção de Cunha era ler apenas os números dos requerimentos, sem informar do que se tratava. Coube ao deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pedir para que ele lesse o assunto. Num dos documentos, Collor queria que fosse solicitadas gravações em que aparecem o jornalista da "Veja".
Miro pediu que o requerimento fosse votado separadamente, para que não corresse o risco de ser aprovado. Collor foi o primeiro a defender seu pedido:
"Acredito que o deferimento do requerimento seja fundamental para que possamos detectar com clareza e profundidade até onde foi e vai essa coabitação criminosa entre este jornalista e o grupo criminoso", disse.
"Meu requerimento é no sentido de que pincemos os trechos para que fique comprovado que houve conluio, mancomunado entre Policarpo e Cachoeira", concluiu, deixando claro sua intenção.
Paulo Teixeira (PT-SP) foi outro que defendeu o destaque do documento apresentado por Collor. "Este jornalista está sendo investigado nessa operação. Não há prejulgamento. Ele está sendo investigado. Se não estivesse, não teríamos ligações constantes", discursou.
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