Um levantamento divulgado nesta quarta-feira pelo relator-adjunto da CPI dos Correios, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), contesta a versão do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de que R$ 1 milhão em dinheiro vivo repassado à Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar, teria saído do chamado valerioduto. O levantamento mostra que o esquema de distribuição de recursos para o PT e seus aliados, montado pelo empresário Marcos Valério, já estaria deficitário em R$ 2,7 milhões, mesmo sem computar esse pagamento feito à Coteminas.
- Ou o valerioduto era muito maior do que Delúbio e Marcos Valério admitiram ou esse R$ 1 milhão teve outra fonte - observou Eduardo Paes.
O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), também duvida que o dinheiro recebido pela empresa de José Alencar possa ter saído do valerioduto:
- Temos fortes indícios de que esse dinheiro não saiu do valerioduto, mas ainda não dá para saber de onde veio. Também não teria sentido o PT ter guardado por um ano esse dinheiro, sem aplicá-lo, antes de repassá-lo para a Coteminas.
Valério alegou na CPI que suas empresas teriam disponibilizado por meio de empréstimos contraídos no Banco Rural e BMG R$ 55.217.271,02. Com a quebra dos sigilos bancários dessas operações, a CPI constatou que Valério só conseguiu disponibilizar R$ 52.948.447,60, já que parte dos empréstimos conseguidos por suas empresas foi utilizada para abater encargos de outras dívidas contraídas juntos aos referidos bancos.
Só essa discrepância entre o que o empresário diz e o que a comissão apurou já somaria R$ 2,2 milhões. E as divergências não param por aí. Isso porque a lista de pagamentos apresentada por Valério indica que os saques nas contas de suas empresas excederam o valor dos empréstimos que ele mesmo alegara ter feito para ajudar o PT a pagar suas dívidas. Valério admite que os pagamentos feitos somam R$ 55.691.227,81, o que por si só já geraria um déficit de R$ 493.956,79 no chamado valerioduto.
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