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A CPI dos Sanguessugas vai cruzar informações do Ministério da Saúde, das emendas parlamentares, de licitações de empresas e dos depoimentos dos acusados para buscar provas sobre os envolvidos na compra de ambulâncias superfaturadas com recursos do Orçamento Geral da União. O esquema, também investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, envolvia parlamentares, prefeituras, empresas de fachada e funcionários públicos.

O sub-relator de Sistematização da CPI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), obteve no Ministério da Saúde 150 senhas de parlamentares usadas para protocolar as emendas de projetos de compra de ambulâncias. O objetivo é cruzar com informações dos depoimentos dos funcionários da Planam (uma das empresas que lideravam o esquema de corrupção) e da ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino e as licitações para a compra de ambulâncias.

- Agora, vamos verificar se o parlamentar indicado pela Maria Estela da Silva (funcionária da Planam que prestou depoimento) foi de fato o autor da emenda daquele (determinado) município e aí eu fecho o círculo. Isso é um elemento de prova importante para fazer o cruzamento entre o município, o parlamentar referido e a emenda apresentada pelo parlamentar - explica.

Baixas na CPI

As revelações do empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, acusado de chefiar a máfia dos ambulâncias, em depoimento à Justiça Federal do Mato Grosso podem provocar baixas na CPI dos Sanguessugas. De acordo com reportagem do jornal 'O Globo' , durante o interrogatório, Vedoin disse que, entre os parlamentares com quem negociou emendas para a compra de ambulâncias, estão Marcondes Gadelha (PSB-PB), integrante da CPI, e Celcita Pinheiro (PFL-MT), mulher do senador Jonas Pinheiro (PFL-MT), um dos suplentes da comissão.

Segundo a reportagem, na semana que vem, a CPI deverá analisar se Gadelha e Pinheiro devem deixar a comissão. Vedoin citou os nomes de Gadelha e Celcita ao discorrer sobre uma lista de mais de 60 deputados e senadores com quem teria negociado emendas ao Orçamento da União. As verbas seriam destinadas ao financiamento de licitações vencidas pela Planam ou outras empresas da família do empresário.

Gadelha negou as acusações e afirmou que não conhece e nunca fez negócios com Vedoin ou qualquer outro sócio do empresário.

- Nada na minha consciência me acusa. Vamos ver o que tem de mais concreto nisso aí (depoimento de Vedoin). Agora o que mais prezo é minha honorabilidade. Estou sendo acusado de receber R$ 10 mil. Isso não tem lógica. Eu ganhei R$ 1 milhão no "Show do Milhão" e dei R$ 250 mil para compra de ambulâncias do meu próprio bolso. É possível que ele (Trevisan Vedoin) esteja me confundindo com outra pessoa.

Procurados pelo jornal "O Globo", Celcita e Jonas Pinheiro não retornaram as ligações. A assessoria da deputada confirmou, no entanto, que Vedoin citou o nome dela em seu depoimento à Justiça Federal de Mato Grosso. Mas, segundo a assessora de Celcita, Vedoin teria dito apenas que conhecia a deputada.

De acordo com o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), carros de luxo como um BMW, viagens, hospedagens em flats e dinheiro — distribuído até em malas que circulavam pelo Congresso — foram algumas das formas de pagamento da máfia dos sanguessugas aos 105 parlamentares que teriam aderido ao esquema. As informações constam em um levantamento feito pela CPI, baseado no depoimento de Vedoin à Justiça.

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