A confusão que tomou conta do Senado por causa da retirada de apoio ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), por parte de PSDB, DEM e PDT, resultou em mais um adiamento da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a Petrobras. O requerimento de instalação dessa CPI foi protocolado na Mesa Diretora do Senado há 47 dias.
Desde então, os partidos de oposição tentam instalá-la e os governistas impedem, com as mais variadas manobras. Com a crise na Casa agravada desde o dia 10, quando o Estado revelou a existência de atos secretos que beneficiaram parentes e apaniguados de senadores e diretores, a CPI está em segundo plano. Por enquanto, os senadores estão mais preocupados em salvar a própria imagem, com discursos seguidos em que acusam dois ex-diretores - Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi - até de "ladrões" e pedem o afastamento de Sarney, mesmo que temporário
Na procura de algo que possa tirar o Senado da crise, o vice-líder do governo, Gim Argello (PTB-DF), e o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC), um antipetista histórico, tiveram ontem uma ideia. Procuraram o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), com uma proposta inusitada de instalar não só a CPI da Petrobras e a do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), mas também criar mais umas duas, sobre qualquer assunto. O objetivo é desviar a atenção do público e dos meios de comunicação e tirar o foco de Sarney. Renan, no entanto, rechaçou a proposta. Disse aos defensores da iniciativa que o maior aliado de Sarney hoje no Senado é o governo.
Os próprios partidos de oposição admitiam ontem o novo adiamento de instalação das CPIs. Eles procuraram os líderes da base aliada para tentar fechar um acordo que possibilite enfim a abertura da CPI da Petrobras, mas encontraram-nos reticentes. O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), por exemplo, recusa-se a fechar acordos neste momento, sob a alegação de que partidos de oposição não respeitaram os que foram feitos anteriormente.
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