A CPI mista da Petrobras tentará ouvir, em sessão reservada a partir das 14h30, o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Desde o dia 29 de agosto, o ex-dirigente da estatal está prestando depoimentos em um acordo de delação premiada no qual tem revelado suspeitas de corrupção na Petrobras e crimes de pagamento de propina a dezenas de políticas, inclusive do PMDB e do PT.

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O governo Dilma Rousseff montou nos últimos dias uma operação de "contenção de danos" para o depoimento de Costa. O Palácio do Planalto teme que, se o ex-diretor resolver falar, Dilma pode sair extremamente desgastada a 19 dias do primeiro turno das eleições. Os oposicionistas, principalmente os ligados ao tucano Aécio Neves, apostam nas revelações dele para que o candidato possa ainda chegar ao segundo turno - ele está 11 pontos porcentuais atrás da candidata do PSB, Marina Silva, segundo a pesquisa Ibope encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo e a Rede Globo e divulgada na terça-feira, 16,

A aposta inicial dos governistas é de que o ex-diretor permaneça em silêncio durante o depoimento à CPI mista, que ocorrerá sob forte esquema de segurança. A tendência é de que ele não queira falar diante da presença da imprensa para não quebrar o acordo de delação premiada que costura com a Justiça Federal. Ele pretende revelar o que sabe em troca de significativa redução de pena.

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O presidente da CPI mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciou, na terça-feira, 16, que a sessão para ouvir Costa será inicialmente aberta, mas concordou em fazê-la reservada caso haja um entendimento entre os integrantes da comissão. Parlamentares da base e da oposição - entre eles o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), já afirmaram que topam fazer a sessão reservada. Eles acreditam que, dessa forma, o ex-diretor poderia dar detalhes da delação à comissão sem quebrar o acordo que firmou com a Justiça.

O depoimento de Costa é aguardado com expectativa. De acordo com reportagens publicadas nos últimos dias, ele citou os nomes do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB), o atual e ex-presidente do PP, respectivamente os senadores Ciro Nogueira (PI) e Francisco Dornelles (RJ), o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), os governadores do Ceará, Cid Gomes (PROS), do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), os ex-governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), morto em acidente aéreo há um mês, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, e deputados e senadores de pelo menos cinco partidos políticos.

Escoltado pela Polícia Federal, o ex-diretor decolou às 10 horas da manhã de Curitiba, em avião da corporação com destino à capital federal. Costa viajará algemado. O avião da PF é o mesmo que trouxe para a capital os condenados no processo do mensalão. No Congresso, o ex-diretor vai ser acompanhado pela Polícia Legislativa e terá direito a transitar e ficar sem algemas.

PT

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), defendeu que o ex-diretor da Petrobras seja ouvido em sessão aberta hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional. Costa avaliou que uma reunião reservada - em que apenas os parlamentares ouviriam o depoimento de Paulo Roberto - poderia passar a imagem de que o governo não quer apurar as denúncias de irregularidades na estatal.

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"Se apoiarmos uma sessão fechada a leitura é que não queremos que as pessoas tomem conhecimento do que vai ser discutido", afirmou há pouco ao Broadcast Político o petista. "Não temos nada que esconder nessa história". A CPI mista da Petrobras tentará ouvir Paulo Roberto a partir das 14h30 de hoje.