Vital do Rêgo, presidente da CPI: ação no STF para ter acesso à parte sigilosa do caso| Foto: Geraldo Magel/ Agência Senado

Delator

Escândalo na estatal é "epílogo do mensalão", diz Roberto Jefferson

Agência O Globo

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), delator do mensalão, afirmou na primeira entrevista concedida desde que foi preso que o escândalo da Petrobras é o "epílogo do mensalão". Ele, que hoje é aliado do candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, acusou a presidente Dilma Rousseff de encobrir corruptos para preservar o PT, apesar de chamá-la de "mulher séria, honrada". "Se você reparar a data [em que o esquema de desvio na Petrobras começou], isso vem lá do mensalão. É o financiamento de base, da estrutura da base do governo, para o PT se perpetuar no poder. O mensalão foi o começo da destruição do mito do PT. Esse caso da Petrobras consolida o que já vem de 2005. É o epílogo daquela história. O mensalão foi o prefácio, agora o Brasil está lendo o epílogo. O PT prostituiu a classe política", afirmou ele ao jornal Folha de S.Paulo, no escritório de advocacia em que trabalha (Jefferson está preso no regime semiaberto, em que pode trabalhar durante o dia).

Questionado sobre o destino dos R$ 4 milhões que declarou ter recebido do PT no mensalão, o ex-deputado respondeu que "os candidatos a prefeito receberam aquele recurso que o PT transferiu ao PTB na eleição de 2004". E que "podem ficar em paz, porque eu não vou revelar [quem recebeu]".

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Cassação

O deputado Marcos Rogério (PDT-RO) apresentou ontem ao Conselho de Ética da Câmara parecer recomendando a cassação do mandato do deputado Luiz Argôlo (SD-BA). Argôlo responde a dois processos por quebra de decoro parlamentar por suas relações com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato. O parlamentar é acusado de receber dinheiro e favores de Youssef.

A CPI mista da Petrobras foi definitivamente contaminada pela sucessão presidencial. Às vésperas do segundo turno, oposição e governo travam uma batalha nos bastidores da CPI mista da Petrobras para convocar ou evitar a convocação de aliados do Planalto a prestarem depoimento sobre o desvio de recursos na estatal.

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O governo trabalha para evitar os depoimentos antes das eleições. A estratégia é desmobilizar os aliados para que não garantam o quórum mínimo de 17 membros presentes à CPI para a aprovação das convocações. Por ora, o Planalto venceu a queda de braço e ontem nada ficou decidido pela CPI. A oposição critica o governo por tentar engessar a CPI e insiste em ouvir, o quanto antes, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto; Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras; e o doleiro Alberto Youssef.

Vaccari e Duque foram apontados por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, e pelo próprio Youssef como elos do esquema de desvio de recursos da Petrobras para o PT e partidos aliados do governo.

Apesar de não conseguir fazer a convocações, a oposição investiu em outra frente. Decidiu apresentar uma moção de apoio ao juiz federal Sérgio Moro, que comanda as investigações da Operação Lava Jato, acusado pelo PT por "vazar" depoimentos dos envolvidos (na verdade, não há vazamento, pois o material divulgado não está sob sigilo de Justiça e, por isso, é público). Anteontem, associações de juízes federais, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região e o Ministério Público Federal haviam manifestado apoio a Moro e à divulgação dos depoimentos.

Já o presidente da CPI mista da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu que vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso à parte do processo que efetivamente está sob segredo de Justiça: o teor das delações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef que citam parlamentares federais, que têm foro privilegiado. O ministro Teori Zavascki, responsável pelo caso no STF, já negou em outras ocasiões o acesso da CPI à íntegra da delação premiada – o que poderia tornar público o nome das dezenas de parlamentares e políticos com foro privilegiados citados nos depoimentos.

Honra

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O ex-diretor da Petrobras Renato Duque entrou com uma ação penal por crime contra a honra, na Justiça do Rio de Janeiro, na última sexta-feira, contra o ex-colega Paulo Roberto Costa. Segundo o advogado Alexandre Lopes de Oliveira, que representa Duque, houve crime de calúnia por parte de Costa contra seu cliente no depoimento que o delator prestou na Justiça Federal no Paraná, na semana passada. Ao juiz Sérgio Moro, Costa afirmou que Duque participou do suposto esquema, envolvendo empreiteiras. O delator disse que parte dos recursos desviados ia para os partidos PT, PMDB e PP.