A investigação da CPI dos Correios descobriu nesta terça-feira que a agência de propaganda DNA, de Marcos Valério, 'terceirizava' serviços que deveria prestar para estatais e ainda cobrava comissão dos fornecedores. Um dos exemplos do esquema ocorreu enre setembro e novembro de 2004, em uma campanha do Banco Popular, ligado ao Banco do Brasil.
Na ocasião, a DNA recebeu do Banco do Brasil R$ 4,652 milhões para fazer a publicidade do Banco Popular em 43 grandes cidades do país, com pessoas contratadas para distribuir panfletos, agitar bandeiras e anunciar o nome do banco. Do valor pago, a agência recebeu R$ 230 mil de comissão. Além disso, a DNA contratou uma empresa de Brasília para fazer o serviço, para a qual pagou R$ 3,128 milhões, retendo R$ os outros R$ 1,5 milhão. A empresa contratada apresentou três notas fiscais mostrando que a DNA cobrou mais R$ 850 mil de comissão.
- O que está muito claro é que em diversos momentos o senhor Marcos Valério cobrava serviços do Banco do Brasil, dos Correios e para empresas que ele terceirava, ele pagava um valor muito menor, ou seja um superfaturamento dos serviços de publicidade prestados ao poder público - acusou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).
Outro contrato da DNA está sendo investigado por uma auditoria do Banco do Brasil. Em 2003 e 2004, a agência recebeu um pagamento de R$ 23,3 milhões e outro de R$ 35 milhões para fazer a campanha de um cartão de crédito. Contrariando as normas internas, o dinheiro era pago à DNA antes do serviço ter sido executado.
Também uma nota emitida pela DNA, no valor de R$ 12 milhões, que seriam cobrados da Eletronorte, está na mira da CPI dos Correios. A Eletronorte nega que tenha pago pelo serviço de confecção de material gráfico pela editora e gráfica Ipiranga. O representante da Ipiranga nega a realização do serviço e o pagamento, alegando que a nota é fria.
- Um volume desses realmente é de assustar. Não existe. Isso não existe. Foi totalmente falsificado, criado, não sei - disse Lourival Dantas, presidente da Gráfica Ipiranga.
A DNA Propaganda declarou que o pagamento de comissão a empresas contratadas é prática do mercado. E que não tem como analisar cada caso porque os computadores da empresa foram apreendidos pela Polícia Federal. O Banco do Brasil afirmou que repassou os valores previstos em contrato. E que a responsabilidade de avisar sobre o recebimento do dinheiro é do fornecedor.
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