A CPI do BNDES iniciou nesta terça-feira (11) seus trabalhos com uma operação de blindagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma frustrada tentativa de estender as investigações do banco para o período do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Em contraponto aos requerimentos de convocação de Lula, de seu filho Fábio Luís, e empresários ligados ao petista, como Marcelo Odebrecht e Eike Batista, apresentados na semana passada logo após a abertura da CPI, o relator, deputado José Rocha (PR-BA), tentou retroagir a investigação para a era FHC. Mesmo a despeito de o objeto da CPI ser apurar supostas irregularidades em contratos de financiamento do banco de fomento entre 2003 e 2015
Ao apresentar seu plano de trabalho, Rocha propôs que a comissão convocasse Eleazar de Carvalho, que presidiu o BNDES até janeiro de 2003; e Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi presidente do banco entre os anos de 1995 e 1998. A proposta foi imediatamente questionada pelo deputado Alexandre Baldy (PSDB-GO), que iniciou um debate sobre a tentativa do relator em politizar os trabalhos da CPI. O tucano argumentou que os pedidos transbordam o escopo da CPI. “Eliazar ficou no banco até janeiro de 2003 e pode ter assinado alguns empréstimos, mas Luiz Carlos Mendonça de Barros está fora do período de trabalho”, disse o deputado tucano.
Defendido apenas pelo deputado petista Carlos Zaratini (SP), que considerou que a presença de Mendonça de Barros enriqueceria o debate, Rocha foi imediatamente acusado por deputados de oposição de tentar politizar os trabalhos da CPI ao aumentar o escopo da investigação.
A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) disse ver no pedido “uma certa politização”. “Não vejo outra intenção se não for trazer o governo de FHC à baila”, disse. O deputado Betinho Gomes (PSDB) foi além e afirmou ser este o “início possível desmoralização de uma CPI que está apenas iniciando”. Foi ele o autor do requerimento, aprovado entre os membros da comissão, de retirada do nome de Mendonça de Barros do plano de trabalho do relator. O requerimento foi aprovado e a convocação a Mendonça de Barros foi retirada do plano.
No documento aprovado consta ainda proposta de requerimentos de convite ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, e convocações a ex-presidentes e diretores que ocuparam cargos no Banco entre 2003 e 2015, entre eles Guido Mantega (ex-ministro da Economia). Os requerimentos ainda serão apreciados pelos membros da comissão.
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