Brasília (Folhapress) Sem acordo, pode ter terminado ontem em clima de indefinição a CPI do Mensalão, uma das três que investigam fatos relacionados à atual crise política. A Secretaria-Geral da Mesa do Senado diz que a CPI está extinta desde a zero hora de hoje. Já a direção da comissão afirma que ainda vai funcionar hoje e tentar uma prorrogação.
Depois de muita confusão e bate-boca, a sessão de ontem foi suspensa sem a leitura do relatório do deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG).
O presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), anunciou que reabrirá a reunião hoje às 10h. Ele tomou a decisão sob o argumento de que o prazo de encerramento da CPI, na verdade, seria hoje e não ontem, como entendem os órgãos técnicos do Senado.
Segundo ele, o primeiro dia de funcionamento da CPI tem de ser contado 24 horas após a sua instalação. Nesse sentido, a CPI teria começado oficialmente em 21 de julho e, portanto, teria de ser encerrada em 17 de novembro (120 dias). "Quem decide são os integrantes da Mesa e não apenas a Secretaria isoladamente", disse Lando. O deputado Fernando Ferro (PT-PE) afirmou que iria recorrer da decisão
Com mais um possível dia de trabalho, a oposição tentará reunir as 171 assinaturas de deputados necessárias para prorrogação da CPI por, pelo menos, mais 30 dias. Ontem, a deputada Zulaiê Cobra havia reunido 137 assinaturas.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ficou de tentar convencer a bancada petista para assinar o requerimento. Durante o dia de ontem, os governistas defendiam a prorrogação por apenas 10 dias.
Lando chegou a ir pessoalmente ao plenário da Câmara para convencer os deputados a assinarem a prorrogação. "Se terminar desse jeito, não dá nem para chamar de pizza. É um aborto, um aborto cirúrgico", disse ele.
PSDB e PFL trabalharam a favor, mas a bancada do governo boicotou. Enquanto Zulaiê Cobra (PSDB-SP) coletava assinaturas para a prorrogação por mais 30 dias, José Rocha (PFL-BA) tentava conquistar o apoio para a extensão dos trabalhos por mais 120 dias.
"Estou ficando cansada. O PT não assina. Está sendo um trabalho perdido", disse a deputada tucana, por volta das 17 h de ontem, quando tinha apenas 66 assinaturas.
Do lado do governo, o deputado Odair Cunha (PT-MG) ficou responsável por colher assinaturas, mas para apresentá-las apenas sob a condição de que o relatório de Abi-Ackel fosse lido.
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