O ex-deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, será ouvido nesta terça-feira, a partir das 11h30, pela CPI do Mensalão, que investiga a compra de votos de parlamentares da base do governo. Na quarta-feira, Costa Neto tem depoimento marcado no Conselho de Ética da Câmara no processo contra o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ).
De todos os deputados envolvidos no escândalo do mensalão, Valdemar da Costa Neto foi o único até o momento que renunciou ao mandato, evitando um processo de cassação pelo Conselho de Ética da Câmara. A acusação de que o ex-tesoureiro do partido, Jacinto Lamas, sacou R$ 1,6 milhão do empresário Marcos Valério a mando de Costa Neto foi o ponto alto das denúncias contra o agora ex-deputado.
Na primeira semana de junho, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) acusou Costa Neto de ter participado da negociação para o pagamento do mensalão a parlamentares dos partidos da base aliada do governo, entre eles o PL. Poucos dias depois, Costa Neto pediu a cassação do mandato de Jefferson ao Conselho de Ética da Câmara.
A situação de Costa Neto piorou no dia 19 de junho, quando sua ex-mulher, Maria Christina Mendes Caldeira, disse em entrevista ao 'Fantástico' que o presidente do PL usou dinheiro do partido para mobiliar a residência do casal. No dia seguinte, Jefferson voltou à carga: acusou o desafeto de ter implantado, juntamente com o deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), o esquema do mensalão na Assembléia Legislativa do Rio.
A quebra do sigilo bancário das empresas de Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, comprovou saques feitos por Jacinto Lamas nas contas de empresas de Marcos Valério. No dia seguinte, 21 de julho, a ex-mulher voltou a atacar Costa Neto: em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, Maria Christina Caldeira contou que ouviu o presidente do PL mandar Jacinto Lamas a Belo Horizonte para buscar dinheiro nas empresas de Valério.
No dia primeiro de agosto, Costa Neto decidiu renunciar ao mandato. No discurso de despedida, ele admitiu ter recebido dinheiro do PT mas alegou que foi "induzido ao erro" ao aceitar a doação sem documentação que a oficializasse. Costa Neto, no entanto, negou na tese do mensalão, reconhecendo apenas o uso de caixa dois durante a campanha eleitoral. No mesmo dia, a gerente de finanças da SMP&B, Simone Vasconcelos, disse à Polícia Federal que a empresa Guaranhuns Participações, uma das destinatárias dos recursos da SMP&B, tinha ligações com o político. A Guaranhuns remeteu recursos para as Ilhas Cayman e está sob investigação da CPI dos Correios.
Outras denúncias surgiram no dia dois de agosto. Marcos Valério levou à PF e à CPI dos Correios uma lista de beneficiários dos saques feitos em suas agências. De acordo com o empresário, Costa Neto e o PL receberam R$ 10 milhões. No mesmo dia, Jacinto Lamas confirmou à PF que entregou a Costa Neto, nos últimos dois anos, envelopes de dinheiro repassados por empresas de Valério. Segundo Lamas, o repasse fazia parte de um acordo entre o presidente do PL e o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, na formalização da chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2002.
O ex-deputado resolveu contra-atacar. Em entrevista à revista "Época", publicada no dia 12 de agosto, Costa Neto afirmou que Lula sabia que o PL iria receber R$ 10 milhões do caixa dois do PT para formar a chapa na campanha presidencial, com José Alencar, então senador do PL mineiro, concorrendo como vice de Lula.
O golpe mais recente contra Costa Neto foi dado por Jacinto Lamas em seu depoimento na CPI do Mensalão. O ex-tesoureiro do partido confirmou ter feito inúmeros saques nas contas de Valério, cumprindo ordens do ex-deputado. Lamas disse também não saber o destino do dinheiro entregue a Costa Neto.
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