Brasília (Folhapress) A CPI dos Bingos no Senado questionará, em depoimento marcado para amanhã, Rogério Tadeu Buratti sobre um suposto pagamento de propina ao PT na renovação de contrato da GTech com a Caixa Econômica Federal. A GTech opera as loterias da Caixa e renovou um contrato de R$ 650 milhões em abril de 2003.
Ex-secretário de Governo, em 1993 e 1994, da prefeitura de Ribeirão Preto (SP), quando o ministro Antônio Palocci (Fazenda) era o prefeito da cidade, Buratti disse na sexta-feira passada à Polícia Civil que a GTech prometeu pagar até R$ 16 milhões em propina ao PT, se o contrato fosse renovado.
Para tanto, a GTech teria pedido a interferência de Palocci. Na versão de Buratti, o ministro não interferiu no negócio. O contrato, porém, foi renovado no dia 8 de abril de 2003.
O presidente da CPI dos Bingos, Efraim Morais (PFL-PB), disse ontem que a comissão está convencida de que houve ilegalidade na renovação do contrato com suposto pagamento de propina. A CPI não acusa Palocci.
O ministro, segundo o relator senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), será convocado a depor apenas se houver provas contra ele.
No depoimento em Ribeirão Preto, Buratti disse que o contato entre ele e Palocci era o então consultor da presidência da Caixa Econômica Ralf Barquete dos Santos (morto em junho de 2004). Barquete foi secretário de Fazenda na segunda gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto de 2001 a 2002.
No primeiro depoimento à CPI, no dia 9, Buratti negou que tratasse do assunto com Barquete.
Um relatório em poder da CPI aponta que Barquete ligou sete vezes para Buratti e recebeu duas ligações de volta no dia da renovação do contrato. No dia seguinte, Buratti trocou três telefonemas com Marcelo Rovai, então diretor de Marketing da Gtech que negociara na Caixa Econômica a renovação do contrato.
Buratti também será questionado na CPI, segundo Morais, sobre doação de R$ 2 milhões supostamente feita por bingos à campanha do presidente Lula. Buratti afirmou saber das contribuições, mas não disse se o dinheiro foi entregue via caixa 2.
O presidente da Associação Brasileira dos Bingos (Abrabin), Olavo Sales da Silveira, afirmou ontem desconhecer as doações.
Outro Lado
Por meio de nota, a GTech reafirmou "que o contrato estabelecido com a Caixa Econômica Federal sempre obedeceu a parâmetros técnicos e éticos. Nunca houve qualquer pagamento irregular durante o todo o processo".
A assessoria do PT informou que atual diretoria do partido responde apenas por pagamentos contabilizados em caixa e não de supostas propinas.
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