Brasília (AE e Folhapress) A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Bingos aprovou, por unanimidade, a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz. Também aprovou a convocação de Diniz para prestar depoimento no plenário da comissão.
O testemunho dele, entretanto, ainda não tem data marcada e, na opinião de alguns senadores, deve ser um dos últimos a ocorrer. A estratégia é reunir o maior número de informações possível para evitar que se repita o que aconteceu no depoimento do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza na CPI dos Correios. Na expressão de um senador da CPI dos Bingos, Valério apenas respondeu a um "questionário de sim ou não" na CPI.
Propina
Em depoimento ontem à CPI dos Bingos, o empresário Carlos Augusto Ramos, o "Carlinhos Cachoeira", disse que Waldomiro Diniz agia sozinho em esquema de cobrança de propina. Em todo o momento, o empresário evitou qualquer ligação entre a atuação de Waldomiro e o ex-ministro José Dirceu.
Cachoeira disse, no entanto, que, quando fez a gravação divulgada pela revista Época, Diniz o pressionava por propina. Cachoeira é personagem de um dos primeiros escândalos da gestão Lula. Em agosto de 2004, Diniz, um dos principais assessores do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, foi exonerado após a divulgação de uma fita, datada de 2002, em que aparece numa negociação de propina com Cachoeira, que foi identificado como o autor da gravação.
Segundo Cachoeira, Diniz, que era presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), na época, lançaria um edital em que acabaria com a exclusividade da empresa dele na exploração do jogo no estado. Cachoeira disse que o documento tinha um vencedor conhecido, antecipadamente: a empresa Ebara. "Na fita da gravação da minha conversa com Waldomiro, eu falo que a Ebara é que ia ganhar", disse.
"Ele veio e pediu dinheiro para financiar a campanha da governadora do Rio, e eu duvido que o dinheiro iria para a mão dela e também para a candidata na época, Benedita da Silva. É mentira que Waldomiro tenha me pedido dinheiro para financiar a campanha de Geraldo Magela (candidato petista ao governo do Distrito Federal, em 2002)", afirmou. Carlinhos Cachoeira disse que sentia "medo de Waldomiro Diniz, porque ele era um homem poderoso".
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