A CPI dos Correios marcou para terça-feira (2) a votação do requerimento sobre a convocação do deputado federal José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil. Na mesma reunião, será discutida também a convocação do presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), e do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, que teria feito depósitos milionários nas contas do empresário Marcos Valério.
Os depoimentos da funcionária da SMPB Simone Vasconcelos e do policial civil David Rodrigues Alves - apontados como responsáveis pelos maiores saques das contas das empresas de Marcos Valério - passaram para quarta, dia 3.
Nesta quarta, foram votados apenas os requerimentos sobre os quais havia consenso. Por 19 votos a um a CPI aprovou o pedido de prisão preventiva e bloqueio dos bens do publicitário Marcos Valério. Segundo os parlamentares, a prisão preventiva é importante para impedir que Valério destrua provas de irregularidades cometidas por suas empresas e para proteger a vida do publicitário. O único voto contrário foi do deputado Nelson Meurer (PP-PR), segundo quem Valério tem colaborado com a Justiça e prestado seus depoimentos, além de possuir residência fixa em Belo Horizonte. A solicitação de prisão será encaminhada ao Ministério Público, para que faça o pedido à Justiça.
Também foram aprovadas pela CPI as quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico de todas as empresas de Marcos Valério e de sua mulher, Renilda Santiago de Souza, desde 1997. A comissão aprovou ainda a quebra do sigilo de Valério no Banco de Brasília (BRB) desde 2003. Outro requerimento aprovado foi o que torna indisponíveis os bens de Valério.
Na terça-feira, uma gravação telefônica feita pela polícia - com autorização da Justiça - trouxe novos indícios sobre a destruição de provas. A fita chegou às mãos da senadora Heloisa Helena. São ligações telefônicas entre o contador Marco Aurélio Prata, que presta serviço a Valério, e o irmão dele, o policial civil aposentado Marco Túlio Prata Neto, conhecido como Pratinha. Pratinha foi preso no dia 14 de julho com armas, munição e muitos documentos da empresa DNA Propaganda, boa parte queimada.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, Marcos Valério afirma não conhecer Marco Túlio Prata e nada ter a ver com a conversa telefônica entre Pratinha e o irmão Marco Aurélio. O publicitário diz ainda que não "pediu ou autorizou a inutilização de qualquer documento da DNA Propaganda". No texto, Valério argumenta que não é o único responsável pelas empresas SMP&B Comunicação e da DNA Propaganda.
Outra decisão da CPI foi escolher o deputado Carlos Abicalil (PT-MT) para a sub-relatoria que vai analisar contratos e suas execuções. O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) é o sub-relator que trabalha na área de movimentação financeira.