A CPI dos Correios aprovou nesta quinta-feira a reconvocação do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho para prestar depoimento. Marcos Vinícius Ferreira, genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), também será convocado para depor.
Reportagem publicada pelo jornal "O Globo", nesta quinta, mostra que, em depoimento no Ministério Público Federal, Marinho revelou detalhes do suposto esquema de corrupção nos Correios e afirmou que Jefferson comandava por intermédio do seu genro todas as operações destinadas a arrecadar recursos para o PTB.
Para fiscalizar a arrecadação, segundo Marinho, Jefferson teria designado seu genro para acompanhar semanalmente as negociações feitas nos Correios por representantes do PTB. Marcos Vinícius não trabalhava na estatal. Era assessor do petebista Luiz Rondon na diretoria da Eletronuclear. Mas, pela versão de Marinho, visitava com freqüência a estatal.
- O Marcos Vinícius funcionava como os olhos e ouvidos de Jefferson nos Correios e nas outras estatais comandadas pelo PTB - relatou Marinho em seu depoimento. Ele tenta negociar a redução de pena em troca de informações.
Autoridades ouvidas pelo "Globo" que tiveram acesso ao teor dos depoimentos, tomados ao longo do último mês, ficaram espantadas com o novo relato de Marinho. Ele admitiu que integrava o núcleo que operava o direcionamento das licitações nos Correios para arrecadar recursos para os partidos aliados do governo. Disse ainda que o esquema era feito com aval do ex-diretor de Administração dos Correios Antônio Osório Batista, indicado pelo PTB, e até mesmo pelo ex-presidente da estatal João Henrique, indicado pelo PMDB.
Os depoimentos foram dados para a procuradora da República Raquel Branquinho. Mas quem já teve acesso ao conteúdo diz que o tom é bem mais contundente do que o depoimento prestado à CPI dos Correios. Marinho confirmou que ano passado Jefferson começou a ficar desconfiado com o tesoureiro informal do partido e então diretor da Embratur, Emerson Palmieri, e que por isso repassou atribuições que antes eram de Palmieri para o genro Marcos Vinícius.
- Já temos a informação de que Marinho revelou todo o esquema de corrupção nos Correios. Ele apresenta fatos relevantes do esquema em todas as áreas da estatal e detalha a tecnologia da corrupção. É um depoimento bomba porque ele fala tudo. Vamos solicitar este depoimento ao Ministério Público Federal - diz a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), integrante da CPI.
Maurício Marinho virou personagem da crise política que atingiu o governo Lula quando reportagem da "Veja" mostrou que ele fora filmado recebendo uma propina de R$ 3 mil. Na fita, ele diz que operava com o aval do então diretor dos Correios Antônio Osório Batista e do deputado Roberto Jefferson. No depoimento ao Ministério Público, ele confirmou o teor da fita, fato que chegou a desmentir num primeiro momento.
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