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A CPI dos Correios aprovou, no último dia 24 de agosto, o requerimento solicitando o depoimento de Soraya Garcia, ex-assessora financeira da campanha de reeleição do atual prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT/PR). A data ainda não foi agendada e será decidida pelo presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT/MS). O requerimento foi pedido pelo deputado paranaense Gustavo Fruet (PSDB/PR) e pelos deputados Eduardo Paes (PSDB/RJ) e César Borges (PFL/BA).

De acordo com o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR), Soraya vai ser ouvida na Polícia Federal de Londrina. "Dependendo do que ela disser, a ex-assessora pode ser ouvida por uma subcomissão da CPI em Brasília", disse o relator.

Se depender de Soraya, ela será ouvida na capital federal. "A PF vai precisar de 20 horas para me ouvir. Eu sempre disse que tenho mais para falar. Vem mais coisa contra as pessoas que eu citei. Paulo Bernardo, José Dirceu, Gilberto Carvalho e Nedson Micheleti", garantiu a ex-assessora. "Mas acho que o que tenho para falar servirá mais para a CPI dos Bingos do que a dos Correios. Não, na verdade vale para as duas", retificou.

Soraya não quis adiantar o teor das novas denúncias, dizendo que é uma orientação do seu advogado. "Não posso adiantar, porque o PT se tornou coisa de polícia e não de política", acusou. "Mas eu tenho mais munição, tenho uma carta na manga (rsrs). Eu sou como uma metralhadora", ameaçou.

RespostasO deputado José Dirceu (PT-SP) disse na quarta-feira, por meio de sua assessoria, que é Soraya Garcia é uma pessoa magoada com o PT e classificou a denúncia que ele teria participação no suposto esquema de caixa dois em Londrina, como uma "mentira deslavada".

O ministro do Planejamento Paulo Bernardo disse que Soraya, "mentiu" no que diz a seu respeito. "Sou a favor de que tudo seja esclarecido", declarou o ministro. Paulo Bernardo, segundo Soraya, também estaria envolvido no esquema de caixa dois em Londrina.

O chefe do gabinete pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, reagiu à denúncia de Soraya classificando como "mentira absurda e caluniosa". Segundo a ex-assessoria o chefe do gabinete teria enviado recursos à campanha eleitoral de Londrina.

O prefeito de Londrina, Nedson Micheleti, negou de forma veemente as insinuações de Soraya, sobre a existência de caixa dois na sua campanha. Micheleti afirmou que todas as contas de sua campanha foram contabilizadas e apresentadas à Justiça Eleitoral.

José Janene e José BorbaO depoimento de Soraya Garcia é um entre os mais de 70 que foram aprovados pela CPI dos Correios e que aguarda definição de data, porém o foco de investigação da CPI será mudado. O deputado Osmar Serraglio (PMDB), em entrevista coletiva nesta sexta-feira em Curitiba, disse que os esforços serão concentrados na busca dos corruptores. "Vamos atrás dos fundos de pensão", avisou o relator da CPI, que ainda adiantou que o ex-secretário de comunicação do governo Lula, Luís Gushiken, deverá ser ouvido na terça-feira (13).

Sobre a possiblidade de ouvir o deputado José Janene (PP), que na quinta-feira, manifestou interesse em falar na CPI dos Correios, Serraglio descartou a idéia. "Ele não vai ser ouvido na CPI dos Correios, só se for na do Mensalão. O provável é que ele fale no Conselho de Ética", disse o deputado.

Na coletiva, Serraglio afirmou que acredita que o líder do PP na Câmara terá mais problemas no Conselho de Ética. "O problema do deputado Janene é que foi comprovado alguns saques feitos pelo assessor dele João Cláudio Genu", confirmou. Segundo o publicitário Marcos Valério, Janene recebeu R$ 4,1 milhões no esquema do chamado Mensalão.

Quanto ao outro deputado paranaense que está na lista dos 18 que podem ser cassados, José Borba (PMDB), o relator da CPI disse que a situação dele é menos grave, se comparado com a do deputado do PP. "No caso do José Borba, ele foi citado pela Karina Somagio, secretária de Marcos Valérro. Ainda não foi confirmado saque no nome dele", finalizou. De acordo com Valério, Borba teria recebido R$ 2,1 milhões.

Sem renúncia

O deputado José Janene, em entrevista ao Paraná TV nesta sexta-feira, afirmou que não vai renunciar ao cargo para escapar de uma possível cassação. "O que foi comprovado foram saques no valor de R$ 600 mil, vindos do PT para o PP e não para mim", disse Janene. O vice-presidente do PP, Ricardo Barros, negou que o dinheiro veio para o caixa do partido.

O deputado paranaense do PMDB não foi encontrado para comentar a possível cassação do mandato.

Veja em vídeo a entrevista com o deputado do PP José Janene e a reação do vice-presidente da legenda.

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