A CPI dos Correios pretende divulgar em dez dias seu primeiro relatório parcial indicando para a mesa da Câmara os nomes dos parlamentares que comprovadamente quebraram o decoro parlamentar. Segundo o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), se a comissão tiver apenas indícios de delito, o caso deverá ser encaminhado para a CPI do Mensalão. De acordo com balanço apresentado pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), 18 deputados estão na mira da comissão por já terem sido citados direta ou indiretamente nas investigações. O plenário da CPI deve decidir no voto os nomes que já podem ser denunciados diretamente à Mesa e aqueles que deverão ser investigados um pouco mais pela CPI do Mensalão.
- Em relação aos parlamentares que já não temos dúvidas do envolvimento, enviaremos para que seja aportado ao Conselho de Ética. Os que temos só indicios, enviaremos à CPI do Mensalão - disse Serraglio.
Segundo Serraglio, o balanço mostra que a CPI já prestou um grande serviço à sociedade.
- Não dá para imaginar que essa CPI já não foi extremamente útil. Se não tivesse essa expectativa criada pela CPI, não teria vindo aqui o Marcos Valério e tudo teria continuado fechado nos gabinetes - disse Serraglio.
Para o relator, já existe um elo entre Roberto Jefferson e a corrupção nos Correios.
- Poderia dizer que já tenho convicção, mas me reservo a apresentar isso na hora oportuna - disse.
Os integrantes da CPI informaram ainda que 12 depoimentos a serem prestados na comissão, inclusive o do ex-ministro José Dirceu, vão ser públicos, no plenário. Outros 19 serão realizados em subcomissões fechadas da CPI. Serraglio disse ainda que a comissão está avaliando a reconvocação de Valério, que vai depor na terça-feira na CPI do Mensalão.
A expectativa do senador Delcidio Amaral é que a comissão encerre seus trabalhos em novembro. Ele afirmou que o prazo não será prorrogado.
- O Brasil não pode viver só de CPIs - comentou.
Sub-relator de movimentações financeiras, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) informou que a CPI já tem as movimentações bancárias completas de mais de dez pessoas ou entidades sob investigação. Fruet revelou que o empresário Marcos Valério declarou à Procuradoria-Geral da República ter em seu nome empréstimos de R$ 54 milhões. Explicou também que a CPI receberá ainda documentos do Banco Rural com a movimentação financeira de todas as empresas e pessoas envolvidas na investigação.
- As movimentações de Marcos Valério são expressivas, principalmente em 2003 e 2004 - observou.
O sub-relator deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), responsável pela sistematização dos trabalhos da comissão, propôs que os relatórios aprovados pelo plenário sejam assinados pelos presidentes de todos os partidos.
A manobra serviria para garantir que a Mesa da Câmara dos Deputados, comandada pelo deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), do grupo político do qual fazem parte três dos deputados do PP investigados, não arquive nenhum processo. Pelo regimento da Câmara, se estiver assinada por algum presidente de partido, a representação segue diretamente para o Conselho.
- Os relatórios parciais ganhariam uma legitimidade maior para antecipar as propostas de punição - justifica Sampaio.
A idéia tem o apoio do presidente da CPI. Nos bastidores, a informação é de que ele e Severino já teriam acertado a manobra, que deixaria o presidente da Câmara à vontade para tratar do assunto, já que estaria obrigado a dar prosseguimento à proposta da comissão.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião