CPI dos Correios é prorrogada até 2006

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Em sessão conjunta do Congresso realizada na manhã desta quinta-feira, foi lido o requerimento que prorroga os trabalhos da CPI dos Correios até abril do ano que vem. O deputado Gilmar Machado (PT-MG) chegou a apresentar uma questão de ordem tentando anular a prorrogação, mas ela foi rejeitada pelo plenário. Até o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), disse que achava "uma idiotice" a apresentação da questão de ordem. O líder da Minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), não perdeu a oportunidade e disse que a questão de ordem só reforçava a tese de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria agindo para prorrogar a CPI, ao contrário do que disse programa "Roda Viva", da TV Cultura, na segunda-feira.

A prorrogação dos trabalhos da CPI esquentou o clima na Granja do Torto nesta manhã, onde o presidente esteve reunido com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Diante do acirramento da crise política, Lula cancelou as visitas que faria a dois municípios, na Bahia e no Espírito Santo, nesta sexta-feira.

Também preocupam o presidente as divergências do próprio governo na área econômica. A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, decidiu tornar públicas, e de forma ostensiva, suas divergências com os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e do Planejamento, Paulo Bernardo, em relação à política fiscal.

Durante a sessão para leitura do requerimento, o deputado Gilmar Machado (PT-MG) chegou a apresentar uma questão de ordem tentando anular a prorrogação, mas ela foi rejeitada pelo plenário. Até o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), disse que achava "uma idiotice" a apresentação da questão de ordem. O líder da Minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), não perdeu a oportunidade e disse que a questão de ordem só reforçava a tese de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria agindo para prorrogar a CPI, ao contrário do que disse programa "Roda Viva", da TV Cultura, na segunda-feira.

- Isso mostra que ele está interferindo. O presidente diz que esperava que as CPIs investigassem tudo, mas seu partido vem a plenário pedir a prorrogação - disse o pefelista.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reagiu imediatamente, afirmando que a questão de ordem não tinha sido apresentada em nome do governo, mas provocou a oposição, especialmente o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS). Segundo ele, a oposição só quer prorrogar a CPI para fazer informações para a imprensa e fazer disputa eleitoral.

- Sabemos que a intenção da prorrogação não é séria. Um deputado que foi representado no Conselho de Ética por ter vazado questões sigilosos não se contenta e apresenta a prorrogação. O que ele quer é mais tempo para passar informações para a imprensa - disse Chinaglia.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que a questão de ordem foi apresentada no momento errado. A oposição conseguiu assinaturas de 217 deputados e 32 senadores. Eram necessárias as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores para apresentação do requerimento. Até a meia-noite de hoje, porém, os parlamentares podem retirar assinaturas.

No meio da discussão, Aleluia chegou a citar uma nota de imprensa segundo a qual um detector de mentiras teria identificado que o presidente Lula teria mentido na entrevista ao "Roda Viva". O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), reagiu:

- O Brasil inteiro percebe que o detector de mentiras do Aleluia tem um ponteiro só, tudo o que ele, Aleluia, fala é verdade e tudo o que Lula fala é mentira. A gente compreende, é da disputa política, mas também quero colocar uma questão política. Há o desejo da oposição de prorrogar infinitamente as investigações porque a CPI tem sempre um componente de disputa política de poder.