O relatório parcial apresentado nesta terça-feira pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), sub-relator da CPI dos Correios, propõe o indiciamento de 14 pessoas, entre elas Hassan Gebrin e João Henrique Almeida, ex-presidentes da estatal, Maurício Madureira e Carlos Augusto de Lima Sena, ex-diretores de Operações, e José Garcia Mendes, ex-chefe de Departamento de Gestão Operacional, além de diretores e sócios de empresas como a Skymaster e da Brazilian Expressa Transportes Aéreos Ltda (Beta), que participaram das licitações para a Rede Postal Nortuna (RPN).
O texto também recomenda o aprofundamento das investigações sobre suspeitas de tráfico de influência que recaem sobre Silvio Pereira, ex-secretário geral do PT. Silvinho teria sido procurado por um dos sócios da Skymaster, Luiz Otávio Gonçalves, que buscava um intermediário para negociar com o então ministro das Comunicações, Miro Teixeira. Seu objetivo era garantir que os Correios não promovessem nova licitação para as linhas operadas pela Skymaster e prorrogasse o contrato. Como foi constatado que os valores estavam superfaturados, os Correios acabaram realizando uma nova concorrência. A Skymaster, entretanto, acabou saindo vencedora mais uma vez.
Pela primeira vez, a CPI identifica representantes do governo passado envolvidos em irregularidades, como Hassan Gebrin, ex-presidente dos Correios entre julho de 2000 e agosto de 2002, ligado ao PSDB. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) criticou o fato de Cardozo ter centrado suas atenções nas denúncias de corrupção anteriores ao início do governo Lula e acabou pedindo vista do relatório, adiando a votação do texto para a próxima semana.
- Acho que não houve um equilíbrio na análise entre as denúncias relativas ao governo passado e o atual - disse o deputado pefelista.
Cardozo imediatamente reagiu:
- Pode ter certeza que as cores partidárias não influenciaram em nada meu relatório, tanto que propus o indiciamento do dirigentes dos Correios do governo passado e do atual.
Nos contratos da Rede Postal Noturna, serviço considerado essencial para os Correios, foram detectadas todo tipo de irregularidades: fraude em licitações, superfaturamento com remessa de divisas para o exterior, falsidade ideológica, formação de quadrilha e tráfico de influência. O prejuízo da estatal entre 2001 e 2005 chega a R$ 64 milhões. A CPI levanta suspeitas ainda sobre a remessa de R$ 69,7 milhões para o exterior. A Skymaster justifica a operação alegando que estaria pagando o arrendamento de aeronaves para duas empresas instaladas nas Ilhas Virgens Britânicas: Forcefield e Quintessential.
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