São Paulo (Folhapress) A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios ouve, amanhã, o secretário licenciado do Partido dos Trabalhadores (PT) Sílvio Pereira. Na quarta-feira, será a vez do tesoureiro licenciado do partido Delúbio Soares ser ouvido pela CPI. Os dois são apontados de envolvimento no suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo federal no parlamento.
Antes da tomada dos depoimentos, a primeira tarefa da CPI a partir de hoje é cruzar todas as informações já coletadas pelos membros da Comissão até agora. O objetivo é verificar se existem indícios de irregularidades nos contratos publicitários firmados pela Empresa Brasileira de Cor-reios e Telégrafos (ECT). A CPI também vai elaborar a agenda de trabalhos com novos depoimentos e acareações.
Amanhã, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos sub-relatores da comissão, vai solicitar à CPI que encaminhe ao Mi-nistério Público pedido de guarda dos documentos das agências de publicidade do empresário Marcos Valério apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como o suposto operador do mensalão. Fruet também vai pedir que a CPI solicite ao Ministério Público a prisão preventiva de todos os responsáveis pelos documentos, entre elas o empresário Marcos Valério, caso o MP entenda a ação como necessária.
Já o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados ouve, na próxima quarta-feira, Maria Cristina Caldeira, ex-mulher do presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto. Maria Cristina foi indicada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como uma de suas testemunhas no processo de quebra de decoro aberto pelo Conselho contra o parlamentar a pedido do PL.
O Partido Liberal (PL) foi citado por Jefferson, juntamente com o PP, como os supostos beneficiários do chamado mensalão.
"Operação Uruguai 2"
O líder do PT no Senado e presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, Delcídio Amaral (MS), decidiu convocar, novamente, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza para prestar depoimento, na quinta-feira. Amaral afirmou não acreditar na versão apresentada por Valério e repetida pelo ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do partido Delúbio Soares para justificar as operações suspeitas envolvendo a legenda e o empresário.
Parlamentares da CPI dos Correios vem classificando de "Operação Uruguai 2" o novo discurso apresentado por Marcos Valério e por Delúbio para explicar os saques milionários feitos em dinheiro vivo nas contas das empresas de publicidade SMPB e DNA, das quais Marcos Valério é sócio. Eles prestaram na semana passada depoimentos à Procura-doria Geral da República em que contam história semelhante: que Marcos Valério levantou empréstimos em bancos e repassou o dinheiro a pessoas indicadas pelo PT, ou mais precisamente, por Delúbio.
"Operação Uruguai 2 foi a primeira coisa que eu associei hoje, porque, de repente, surgiu assim uma história muito bem contada entre ele [Valério] e o Delúbio", afirmou Gustavo Fruet. Operação Uruguai foi o nome dado ao empréstimo de US$ 3,7 milhões forjado com banqueiros de Montevidéu para justificar a origem do dinheiro que financiou a campanha do ex-presidente Fernando Collor ao Planalto e seus gastos no cargo.
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