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Brasília (AE) – Chegou a vez dos tucanos na CPI dos Correios. Depois de quatro meses de apurações sobre o esquema de caixa 2 do PT, a comissão decidiu ampliar seu foco e vai investigar a relação do senador Eduardo Azeredo (MG), presidente do PSDB com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Com isso, o governo quer envolver os tucanos diretamente no esquema do valerioduto, tirando-lhes, na eleição de 2006, o discurso de que o PSDB foi o único grande partido a sair incólume nas investigações sobre o caixa 2 montado por Valério.

Os tucanos reagiram irritados à manobra do governo de tentar ligar o partido a Valério.

"É uma estratégia para confundir as investigações. Mas agora não vamos nos furtar de investigar as campanhas alheias. O PT acha que está recuperando o fôlego e, por isso, resolveu desviar o foco da CPI", diz o deputado Eduardo Paes (RJ), futuro secretário-geral do PSDB.

"É uma tática infantil. O governo acha que a situação melhorou um pouco e quer pôr a gente junto. Mas não vai conseguir até porque tem muito petista histórico que teve campanha financiada por Valério", afirma o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Estamos prontos para ir para a guerra."

Na campanha de Azeredo à reeleição ao governo de Minas, em 1998, Valério emprestou R$ 9 milhões à sua coligação. Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha, intermediou a operação. Mourão vai depor quarta-feira na sub-relatoria de Contratos da CPI dos Correios.

"Nossa intenção é comprovar que a origem do valerioduto é tucana", conta o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

"Finalmente a CPI se curvou à exigência da sociedade de que a história seja contada de uma maneira completa. Vendeu-se que tudo começou em 2002 com o PT, mas a história não é assim", diz o deputado Maurício Rands (PT-PE).

Para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder informal do governo na CPI, o depoimento de Mourão é importante porque, em sua avaliação, ele fez parte do primeiro modelo de empréstimo feito por Marcos Valério para um partido.

"Ele (Mourão) vem depor na CPI porque tem vínculo com as investigações que estamos fazendo sobre o valerioduto", afirma a senadora.

A petista argumenta ainda que o ex-tesoureiro da campanha de Azeredo recebeu mais três empréstimos de empresas de Marcos Valério entre 2000 e 2002. "Seria insano de nossa parte tentar trazer os tucanos para a história se não houvesse nenhuma conexão. Mas já ficou claro que eles vêm porque têm ligação", diz Ideli, ao lembrar as conexões entre Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério, e o comitê de campanha do prefeito de São Paulo, José Serra.

Um acordo informal feito entre o governo e o PSDB no Senado poupou Azeredo, que não foi incluído no relatório parcial da CPI dos Correios e do Mensalão com o nome dos 19 parlamentares acusados de envolvimento com Marcos Valério.

Em troca, a oposição concordou em não investigar campanhas eleitorais anteriores a 2004. Para livrar Azeredo, o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), alegou que seu caso se referia a uma eleição estadual e era anterior ao esquema montado por Marcos Valério nacionalmente.

Pressão

Nesta semana, porém, Serraglio confidenciou a amigos que foi pressionado pelo governo a chamar Mourão para depor na CPI dos Correios.

A estratégia da base aliada para tentar trazer o PSDB para o centro das investigações por corrupção não se restringe à CPI dos Correios.

O governo decidiu acuar o PSDB também na CPI do Mensalão, com a convocação de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro do PSDB e ex-diretor do Banco do Brasil no governo de Fernando Henrique Cardoso.

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