O ex-diretor administrativo da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) Francisco Ricardo Neto será indicado pela CPI dos Grampos como o principal responsável pela compra e a instalação dos aparelhos de bloqueio e de supostas escutas telefônicas encontradas por uma varredura na Casa, em fevereiro. O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), deputado Marcelo Rangel (PPS), e o relator da investigação, deputado Mauro Moraes (PSDB), disseram ontem que ele assumiu a responsabilidade do caso sozinho.
Segundo Moraes, a conclusão do relatório é que os equipamentos encontrados nas salas da presidência e na primeira-secretaria do Legislativo não eram escutas telefônicas e, sim, bloqueadores de celulares. "Segundo o laudo técnico [da Polícia Científica], eles não poderiam ser usados como grampos", afirmou o parlamentar. O relatório, segundo ele, está pronto e só precisa ser votado e aprovado pelos integrantes da CPI para o trabalho de investigação ser encerrado. "Tudo que concluímos baseia-se nos relatórios da polícia e nos depoimentos."
Moraes esclareceu que uma escuta foi encontrada na sala anexa ao plenário. Porém, não foi possível esclarecer quem foi o responsável pela instalação dela, já que o ex-diretor Ricardo Neto admitiu ter comprado e instalado os aparelhos encontrados na presidência e na primeira-secretaria. "Os indícios é que a escuta estava lá [na sala anexa] há muito tempo."
Responsabilizado pela CPI, Francisco Ricardo Neto poderá responder na Justiça por quatro crimes: contratação ilegal, improbidade administrativa, fraude em licitação e perjúrio [mentir em depoimento]. Ele chegou a ser preso no início deste mês enquanto prestava esclarecimentos. Os deputados o acusaram de mentir. O ex-diretor havia afirmado que a instalação dos supostos grampos foi informada a Sérgio Monteiro, então chefe de gabinete do ex-presidente da Assembleia Nelson Justus (DEM). Monteiro, também presente na reunião da CPI, negou e Ricardo Neto foi detido por falso testemunho.
Rangel disse ontem que deve convocar para a semana que vem a reunião da CPI dos Grampos para votar o relatório de Mauro Moraes. Para ele, o documento final deverá ser encaminhado depois ao Ministério Público e a Polícia Civil para que continuem o trabalho de investigação do caso. "Se ele [Ricardo Neto] faz parte de uma quadrilha organizada cabe à polícia esclarecer", declarou. O ex-diretor não foi encontrado ontem para comentar as declarações dos deputados.
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