Caixa-preta do Airbus da TAM indica falha do piloto, diz jornal
Os pilotos do vôo 3054 da TAM teriam perdido o controle da aeronave no dia 17 de julho no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o que indicaria que houve falha humana na tentativa de pouso que provocou a maior tragédia da aviação ocorrida no Brasil e na América Latina. A informação teria sido constatada com base nos dados da caixa-preta do Airbus-A320, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (1º) pela Folha de S.Paulo. O jornal teve acesso exclusivo aos dados.Leia reportagem completa
O presidente interino da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mostra o envelope com as informações das caixas pretas do avião da TAM, retirado do cofre e lacrado BRASÍLIA - Integrantes da CPI do Apagão Aéreo da Câmara promovem uma grande discussão na manhã desta quarta-feira para decidir se divulgam ou não os dados das caixas-pretas do Airbus da TAM, que se acidentou em Congonhas no dia 17 de julho, na maior tragédia da aviação brasileira.
Depois de quase uma hora de discussão sobre a divulgação ou não do áudio, o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica (Cenipa), informou, para surpresa dos deputados, que nem a CPI nem o Cenipa têm condições de ouvir a gravação, que requer usar o uso de um software específico.
- Ninguém ouvirá o que os pilotos falaram - afirmou Kersul Filho.
A informação gerou confusão na reunião da CPI. O deputado Vic Pires (DEM-PA) ficou revoltado:
- Por que vieram esses dados se a gente não pode abrir?
Agora, a CPI não sabe o que fazer com os dados repassados pela Aeronáutica. A única informação que será possível de ser divulgada é a transcrição dos diálogos dos pilotos, feita nos Estados Unidos. Os diálogos estão em inglês. Por outro lado, Kersul afimou que é impossível ter havido vazamento de dados com o áudio das caixas-pretas do Airbus da TAM por parte dos deputados.
- Com certeza nenhum vazamento partiu aqui nesta casa. Eu garanto que eles não conseguiriam ouvir esta gravação. Poderia vazar a transcrição, que está em inglês, mas nunca fazer qualquer comentário de que o piloto teria dito isso ou aquilo. Mesmo que a gente coloque o CD agora, inclusive no Cenipa, não vamos ouvir. Coloco meu nome em jogo e garanto que não foi daqui. Não há como vazar - afirmou o brigadeiro.
"Palhaça"
O deputado Carlos William (PMDB-MG) disse que a Aeronáutica fez a CPI de "palhaça" ao enviar os dados sem a informação de que seria necessário um software específico para abri-lo.
- Eles mandaram para cá uma coisa de ET. Um software (CD) que não abre. Poderiam ter avisado antes. Isso evitaria que a CPI passasse esse vexame todo. Senhor presidente, o senhor não guardou nada no cofre. Trancamos nada no cofre da CPI - afirmou Carlos William, dirigindo-se ao vice-presidente da comissão, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que preside a sessão .Parlamentares querem sessão aberta em protesto contra vazamento
Vários parlamentares, inclusive o vice-presidente da comissão, defendem que a sessão seja aberta em protesto contra o vazamento de informações, publicado na edição da "Folha de S.Paulo" desta quarta- feira. A CPI já tem, inclusive, um requerimento de convocação do ministro da Justiça, Nelson Jobim, para dizer quem teve acesso aos dados das caixas-pretas e pode ter vazado as informações. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) encaminhou requerimento pedindo que se divulgue todos os nomes de quem teve acesso à fita.
- É um desrespeito à CPI e à liberdade de imprensa o fato de apenas um veículo ter tido acesso de forma irregular - afirmou Zarattini.
Cunha anunciou que a CPI vai determinar a abertura de um inquérito policial-militar para apurar se houve vazamento por parte da Aeronáutica. O deputado lamentou que a reportagem da "Folha" dê a entender que o jornal acessou os dados a partir do Congresso.
- Se houve vazamento, não foi pela Câmara. Todos os órgãos de imprensa nos procuraram e decidimos não divulgar nada - afirmou.
Na opinião de Cunha, só seria divulgado o que fosse compreensível e não provocasse polêmica.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que na segunda-feira já havia a suspeita de que alguns setores estavam interessados na divulgação de trechos isolados das transcrições, por isso a CPI decidiu lacrar os dados.
- Há interesse em criminalizar pessoas, e isso é muito grave - afirmou.
O relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que as informações não saíram da CPI e que outros órgãos também têm acesso aos dados. Maia alegou que, além da Aeronáutica, podem ter tido acesso aos dados a TAM e a Airbus. Para o relator, é preciso apurar a responsabilidade pelo vazamento. Ele disse ainda que colocar a culpa nos pilotos pelo acidente ainda é prematuro, e indicou que outros fatores precisam ser analisados. Ao chegar ao Congresso, Maia mostrara que os envelopes da comissão que guardam os CDs estão estavam lacrados.Reportagem indica que houve falha do piloto
A reportagem afirma que teve acesso aos dados das caixas-pretas. O jornal confirma informação publicada pela revista "Veja", no último final de semana, de que houve falha humana no acidente. Trechos dos diálogos na hora do acidente, a que "a Folha" teve acesso, indicam que uma das manetes estava em posição errada. A manete de controle do motor direito foi mantida numa posição de aceleração, quando deveria estar em ponto morto. Ao pousar, os sistemas eletrônicos teriam interpretado esse procedimento como um desejo do piloto de acelerar.
Em outra trecho, o tom dramático dos pilotos mostrou que os freios aerodinâmicos, que ficam sobre as asas, não funcionaram. O piloto, segundo as gravações publicadas pelo jornal, teria tentado parar o avião pressionando os dois pedais para frear, mas nada teria funcionado.CPI adiou análise para que dados não fosse vazados
A análise do material das caixas-pretas seria feita na terça-feira, mas foi adiada após apelos do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) justamente para que não fossem divulgados os diálogos da cabine . As informações sobre o acidente foram entregues pelo Comando da Aeronáutica.
Os deputados vão avaliar nesta quarta cerca de 60 arquivos de dados e áudio gravados em um CD-ROM pela Aeronáutica. Os dados são relativos às conversas entre os pilotos da aeronave e os controladores da torre do aeroporto de Congonhas nos últimos 30 minutos antes do acidente e informações da duas caixas-pretas do avião.
Os integrantes da CPI serão auxiliados, na análise das informações, pelo chefe do Cenipa e pelo coronel Fernando Camargo, também do Cenipa, responsável pela investigação das causas do acidente. Na terça-feira , Gustavo Fruet justificou que a divulgação das gravações causaria mais sofrimento às famílias das vítimas.
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