Presidente de empreiteira citada na Lava Jato abre sigilo bancário
Amanda Audi
O presidente do Consórcio Camargo Corrêa/Iesa, Paulo Augusto Santos da Silva, colocou à disposição da Justiça os dados de depósitos, pagamentos e serviços prestados pelas empresas, por ele e sua esposa, assim como os respectivos sigilos bancários e fiscais. O consórcio atua nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que são investigadas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato. A suspeita é de que houve superfaturamento nas obras da refinaria.
Silva se antecipou a uma possível nova leva de buscas e apreensões de documentos, pedidos de quebra de sigilos e mandados de prisão decorrentes das ramificações da operação. As ações, divulgadas pelo jornal Valor Econômico na última quinta-feira, estariam para ocorrer nos próximos dias. Segundo o jornal, a PF e o MPF não planejaram ações "espetaculares" da Lava Jato para os dias que antecederam em respeito à Lei Eleitoral, que proíbe inclusive prisões no período.
O documento apresentado pela defesa de Silva diz que ele foi citado em depoimento de Marcio Bonilha, diretor comercial da Sanko Sider, uma das empresas investigadas por suposto envolvimento no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. "Dado que a imprensa vem noticiando a preparação de inúmeras medidas cautelares contra as pessoas físicas mencionadas nos depoimentos, o manifestante vem, por esta, com antecipação, colocar-se à disposição desta autoridade judicial para esclarecimento dos fatos", diz o texto da defesa do empresário. O consórcio foi procurado pela reportagem, mas não deu retorno.
Plantão médico
Estado de saúde do doleiro influenciou decisão da comissão
A defesa de Alberto Youssef acredita que o estado de saúde do doleiro que está internado com problemas cardíacos desde sábado influenciou na decisão de cancelar o depoimento dele à CPI. "Nós esperávamos o bom senso nessa tomada de decisão. Seria temerário exigir que no estado que ele está, passasse por isso", comentou o advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto. Boletim médico divulgado no final da tarde de ontem indica que o quadro de saúde de Youssef é estável, mas não há previsão de alta hospitalar. Os advogados não têm acesso pessoalmente ao doleiro, mas a família pode visitá-lo no Hospital Santa Cruz, no bairro Batel, em Curitiba. De acordo com o relato das filhas, Youssef está fragilizado e precisa de atenção médica.
O presidente da CPI mista da Petrobras, senador Vital do Rego (PMDB-PB), cancelou o depoimento do doleiro Alberto Youssef que estava marcado para amanhã. Investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF), Youssef havia sido convocado no último dia 21 para prestar esclarecimentos aos parlamentares sobre o escândalo de corrupção na estatal. Mas o doleiro, que está internado em Curitiba por problemas cardíacos desde o último sábado, acabou sendo liberado pela CPI.
Além de não poder viajar a Brasília devido a seu estado de saúde, Youssef já havia solicitado à CPI, por meio de seus advogados, que fosse autorizado a não comparecer ao depoimento porque se manteria calado independentemente dos questionamentos e mesmo que em sessão secreta. O silêncio é motivado pelo acordo de delação premiada que Youssef firmou com a Justiça Federal, que poderia ficar comprometido se ele tornasse público suas revelações ao Judiciário.
O senador Vital do Rego avaliou que não fazia sentido manter a audiência com o doleiro. "Fazer uma mobilização enorme de transporte para ele ficar calado é contraproducente. Ao contrário do Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras investigado na Lava Jato], em que havia uma expectativa de ele falar, o Youssef se antecipou e disse que não vai falar nada. Fiz uma consulta aos líderes e decidi pelo cancelamento [do depoimento]", afirmou o presidente da CPI.
A oposição considera essencial o depoimento do doleiro, especialmente depois que ele teria dito em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras, conforme revelado pela revista Veja.
Vital do Rego disse que vai remarcar o depoimento de Youssef para depois da homologação de sua delação premiada com a Justiça. No lugar de Youssef, a CPI vai ouvir o atual diretor de abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, que substituiu Paulo Roberto Costa no cargo. Consenza deveria ter falado à comissão na última quarta-feira, mas encaminhou atestado médico no dia do depoimento alegando razões de saúde para não comparecer.
Expectativa
A próxima sessão da CPI mista deve ser agitada, assim como foi a da semana passada. No último encontro, os parlamentares apresentaram 11 requerimentos para convocar políticos para serem ouvidos na comissão. Entre eles, estão quatro paranaenses: a senadora Gleisi Hoffman (PT), o ministro Paulo Bernardo (PT), o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) e o senador Alvaro Dias (PSDB). Mas nenhum foi votado.
Para o deputado federal Fernando Francischini (SD-PR), os requerimentos foram "demandas eleitorais". A partir desta semana, os integrantes da CPI devem planejar alternativas para seguir com as investigações. O deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) diz acreditar que, com o fim da eleição, o grupo deve se concentrar no pedido de quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico das empresas envolvidas na investigação. "Só assim vamos avançar e saberemos o real envolvimento de cada uma delas no esquema, mais do que tentando ouvir os acusados", afirma.
Petrobras contrata empresas para investigar denúncias
Agência O Globo
Após o começo da investigação preliminar iniciada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre as denúncias da Operação Lava Jato, a Petrobras contratou duas empresas privadas para apurar o caso. Em comunicado divulgado ao mercado, a empresa informou que os contratos foram fechados na sexta-feira e no sábado e que uma das agências de investigação é americana a estatal também está sendo investigada pela Security Exchange Commission (SEC), órgão que regula o mercado financeiro nos EUA.
"A Petrobras assinou contratos com duas empresas independentes especializadas em investigação, uma brasileira e outra americana, com o objetivo de apurar a natureza, extensão e impacto das ações que porventura tenham sido cometidas no contexto das alegações feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, bem como apurar fatos e circunstâncias correlatos que tenham impacto material sobre os negócios da companhia", comunicou a petrolífera.
Mercado financeiro
Na segunda-feira passada, a CVM, reguladora do mercado financeiro brasileiro, abriu um processo administrativo para saber se foram cometidas irregularidades na gestão da estatal, como disseram o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef em acordo de delação premiada. No processo, a CVM exige que a Petrobras remeta à autarquia o relatório final de sua investigação interna sobre as denúncias surgidas na Operação Lava Jato.
A Petrobras também informou no comunicado que, para subsidiar sua própria apuração sobre as denúncias, solicitou esclarecimentos "às empresas mencionadas na imprensa como tendo atividades sob investigação na Operação Lava Jato, especialmente após a repercussão na mídia de informações a respeito da mencionada "delação premiada".
A companhia também reiterou que já pediu acesso aos autos da investigação relacionada à Operação Lava Jato, incluindo os autos da ação por lavagem de dinheiro e organização criminosa, o que foi deferido pelo Poder Judiciário. Falta a Justiça autorizar, segundo a empresa, o acesso ao conteúdo da delação premiada de Paulo Roberto Costa, que também foi solicitada.
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