Leitura do relatório final da CPI do Derosso: documento que evita punições foi aprovado por seis dos nove integrantes da comissão| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Onze parlamentares dizem desaprovar resultado

Para saber a opinião dos vereadores a respeito da finalização da CPI que investigou os contratos de publicidade da Câmara Municipal de Curitiba, a Gazeta do Povo tentou falar com todos, com exceção do envolvido nas denúncias, João Cláudio Derosso (PSDB) e do vereador licenciado Odilon Volkman (PSDB). Os outros 36 foram procurados em seus gabinetes, por telefone, ou por meio de suas assessorias parlamentares.

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Relatório de CPI é aprovado e presidente fica livre

Derosso era suspeito de irregularidades em contratos de publicidade da Casa. Parecer e texto da oposição seguem para o MP.

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Como já era esperado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou supostas irregularidades nos contratos de publicidade da Câmara Municipal de Curitiba não teve resultados práticos. Por seis votos a três, os integrantes da CPI aprovaram ontem o relatório apresentado pelo verea­­­dor Denilson Pires (DEM), que não recomenda qualquer tipo de punição ao presidente licenciado da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB). O documento, que será enviado ao Ministério Público, ainda isenta o tucano de qualquer responsabilidade pelos gastos suspeitos de R$ 31,9 milhões.

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Na avaliação de cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo, o resultado era previsível. De acordo com eles, o medo de que o escândalo envolvendo o presidente licenciado respingue sobre o grupo político do qual ele faz parte e a influência que Derosso tem sobre muitos colegas da Câmara são os ingredientes principais dessa "pizza".

A pouca disposição dos vereadores para o enfrentamento também entra na receita. Levanta­­­mento feito pela Gazeta do Povo mostra que a maioria dos 27 verea­­dores com quem a reportagem conseguiu falar ontem é favorável ao texto aprovado ou prefere não se pronunciar (leia mais ao lado).

O cientista político Luiz Domingos Costa, professor do Grupo Uninter, critica a postura dos integrantes do Legislativo curitibano. "Os vereadores ficam numa situação muito mais de se protegerem mutuamente do que de enfrentamento. Eles não estão exercendo uma atividade básica do Parlamento, que é o enfrentamento e a exposição política."

Para o cientista político Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a demora dos vereadores em instituir a comissão – que só foi criada depois que o MP havia iniciado as investigações – era um indício de que ela não traria resultados práticos. Cervi acredita que essa situação se deve ao poder que Derosso ainda exerce sobre os vereadores, construído ao longo de uma década e meia em que o tucano esteve na presidência da Câmara Municipal.

Esse poder também é considerado pelo cientista político Fabrício Tomio, professor da UFPR, como um dos motivos para o resultado da CPI. "O Derosso não foi presidente da Câmara por qualquer motivo. Ele tinha o apoio da maioria e essa maioria não pretendia a punição", diz Tomio. Ele ainda observa que a maioria que apoiava Derosso na Câmara faz parte da base do governo municipal, "que parece não querer o aprofundamento das investigações por temer que isso tenha reflexos eleitorais", completa.

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Anexo

Ao mesmo tempo em que aprovaram um relatório que não prevê qualquer tipo de punição ao presidente licenciado da Câmara, os vereadores optaram por não enterrar de vez o relatório produzido pela oposição. O documento – que recomenda o afastamento definitivo de Derosso da presidência da Câmara – será anexado ao material enviado ao Ministério Público.

A medida é vista por analistas políticos como uma tentativa dos vereadores de dar uma resposta à opinião pública, uma vez que o relatório não tem qualquer efeito prático. "Se houvesse um abafa total, isso daria discurso para a oposição. Por outro lado, também é um tipo de resposta à opinião pública, uma forma de diminuir o impacto negativo", afirma Tomio.

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