Os advogados que defendem a facção criminosa que provocou a onda de violência em São Paulo serão ouvidos nesta quarta-feira, em Brasília, pela CPI do Tráfico de Armas. Os advogados Maria Cristina Souza Rachado e Sérgio Wesley da Cunha são acusados de terem comprado por R$ 200 o depoimento secreto dado à CPI por dois delegados do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), revelando planos para os principais chefes do grupo criminoso, inclusive sobre a transferência de oito deles para um presídio de segurança máxima.A fita com o depoimento foi vendida pelo técnico de som Arthur Vinícius Silva, que gravava a sessão. Segundo informações, a gravação foi transmitida em audioconferência para 44 presídios controlados pela facção em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná. Vinícius deve ser indiciado por corrupção passiva, mas por enquanto será tratado como réu colaborador. A CPI pediu que ele fique sob proteção da Polícia Federal.

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Os advogados negaram envolvimento com o vazamento do depoimento dos delegados.

- É o fim da picada. Estou estarrecida - disse Maria Cristina, que representa Marcola.

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A advogada disse que chegou a requerer formalmente à CPI cópias dos depoimentos, mas o pedido foi negado. Sérgio Cunha reagiu com indignação. Ele alega que não tem relação com Marcola e participou da sessão da CPI acompanhando seu cliente Leandro Carvalho, convocado para depor no mesmo dia em que os delegados.

- Se for decretada a minha prisão vou processar a CPI, os integrantes da CPI, a Câmara e todo mundo que está falando mal de mim - disse ele.

A polícia de São Paulo abrirá inquérito para apurar a responsabilidade dos dois advogados acusados de comprar as fitas com a gravação da sessão da CPI do Tráfico de Armas. O diretor-geral da polícia, Marco Antônio Desgualdo, disse que pedirá também à Polícia Federal que abra um procedimento para apurar a conduta dos dois advogados.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apura se houve mesmo a participação dos advogados no episódio. Caso isso fique comprovado, eles poderão ter seu registro profissional cassado.

Única em funcionamento atualmente na Câmara dos Deputados, a CPI abriu diversas frentes de apuração, originadas principalmente em denúncias feitas pela imprensa e em grandes apreensões de armas de fogo. Em maio, a CPI recebeu um relatório da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel) e, a partir dele, investigou a origem de 958 armas apreendidas no Rio entre 1998 e 2003. Os deputados tentam investigar como ocorre o desvio das armas e o percurso delas até as favelas cariocas.

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A CPI também investigou a organização criminosa que atuou em Santos e que levou à prisão o ex-goleiro do Santos Edinho. Foi ouvido o depoimento de Ronaldo Duarte de Freitas, o Naldinho, preso junto com o ex-jogador. Naldinho é acusado de tráfico de drogas.

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