A CPI dos Bingos ouve nesta quinta-feira a vice-presidente da área de tecnologia da Caixa Econômica Federal, Clarice Copetti. A comissão quer que ela esclareça como foi feito o vazamento das informações da conta do caseiro Francenildo dos Santos Costa, já que a área de tecnologia controla o sistema informatizado da Caixa. O caseiro contradisse o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em depoimento na CPI dos Bingos na semana passada.
Embora a oposição evite tratá-la como suspeita, a comissão diz que ela é a pessoa mais qualificada da instituição para identificar o responsável pela violação do sigilo no sistema e explicar os possíveis rastros deixados após a invasão.
A sindicância da Caixa aberta para investigar o caso tem até 4 de abril para esclarecer as denúncias, mas os senadores criticaram o prazo de 15 dias dado pela diretoria. Funcionários da instituição ouvidos pelo jornal "O Globo" informaram que a Caixa tem um arquivo de segurança que permite a identificação quase imediata do autor de qualquer movimentação no sistema, o que permitiria chegar ao responsável em minutos.
Fontes da Caixa revelaram a senadores da CPI dos Bingos que a violação do sigilo bancário do caseiro foi determinada por um integrante da direção da CEF e executada de dentro da sede da instituição por uma funcionária de terceiro escalão. A servidora seria uma das gerentes da Superintendência Nacional de Rede (Suare), órgão subordinado à vice-presidente de Segmento e Distribuição.
Antes que o depoimento do caseiro na semana passada fosse interrompido por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que acolheu pedido do senador do PT Tião Viana (AC), o caseiro disse que viu o ministro Palocci na casa em Brasília onde seus ex-assessores de Ribeirão Preto acusados de corrupção faziam festas e fechavam negócios. Palocci nega ter ido à casa. A divulgação de extratos bancários de uma conta do caseiro na Caixa mostrando que ele recebeu depósitos de cerca de R$ 38 mil de um empresário piauiense, que seria seu pai biológico, acirrou a briga entre governo e oposição.
A CPI também impetrou nesta quarta um novo mandado de segurança no STF para tentar cassar a liminar que suspendeu na semana passada o depoimento do caseiro.
A CPI já teve um recurso negado esta semana pelo presidente da corte, ministro Nelson Jobim. No novo recurso, os parlamentares alteram os argumentos utilizados para tentar convencer o Supremo de que o depoimento do caseiro está dentro do foco de investigação da comissão.
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