Celina Leão: deputada levantou suspeita envolvendo empresa curitibana que venceu licitação de ônibus em Brasília| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Brasília

Sessão é marcada por denúncia de deputada do Distrito Federal

A convite do vereador Chico do Uberaba, a deputada do Distrito Federal Celina Leão (PSD) compareceu ontem à CPI da Urbs e denunciou uma suposta influência do advogado Sacha Reck, que representa o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), na licitação do transporte coletivo de Brasília, financiado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo a deputada brasiliense, o advogado teria sido consultor "laranja" na licitação do Distrito Federal, vencida por um consórcio de empresas de ônibus de Curitiba. "Ele disse que era consultor do BID, o que foi desmentido pela instituição." Ela ainda afirmou que tem documentos que provariam que empresas paranaenses ganharam licitação com o CNPJ inativo. Por ser advogada do sindicato curitibano, Celina levantou suspeitas de que Reck teria ajudado as empresas da capital paranaense a vencerem a licitação em Brasília.

Denúncia infundada

Sacha Reck negou as acusações e afirmou que elas são infundadas. Segundo ele, não houve irregularidade no processo de licitação realizado em Brasília. "Nunca disse que era consultor do BID. Fui subcontratado por uma empresa que recebeu recursos do banco", disse. Ele afirmou ainda que não assessora empresas isoladas para evitar conflito de interesses, que advoga apenas para o Setransp.

Depois da denúncia feita pela deputada, o vereador Chico do Uberaba (PMN) afirmou que os documentos devem ser analisados para verificar a procedência das acusações. "Vamos investigar se o advogado Sacha Reck não agiu em favor das empresas paranaenses durante o processo em Brasilia", disse.

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O contrato das empresas de ônibus de Curitiba com a companhia Dataprom, responsável pelo sistema de bilhetagem eletrônica do transporte coletivo da capital, foi um dos principais alvos de questionamento durante a sessão de ontem da CPI da Urbs da Câmara Municipal. O presidente da CPI, Jorge Bernardi (PDT), argumentou que os gastos com manutenção dos equipamentos eram significativamente menores quando a empresa Enterhelp era responsável pelo trabalho. Segundo ele, se os custos anteriores tivessem sido mantidos, a tarifa técnica poderia ser R$ 0,02 menor do que a atual – de cerca de R$ 3,00. "A Dataprom cobra cerca de R$ 500 mil a mais pela realização do mesmo serviço, o que representa um prejuízo de R$ 6 milhões por ano", disse ele.

Representando o Sindica­­­to das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metro­­­politana (Setransp), o advogado Sacha Reck, do escritório de Advocacia Guilherme Gonçalves & Sacha Reck, argumentou que a contratação da Dataprom ocorreu porque era essa empresa que detinha a tecnologia adotada em Curitiba para a bilhetagem eletrônica. "As empresas de ônibus ficam amarradas a quem detém a tecnologia do sistema implantado", disse ele.

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Reck explicou que foi essa razão que impediu que o contrato com a Enterhelp perdurasse. " Por não ter esse acesso à tecnologia, a empresa ficava impossibilitada de realizar o serviço com qualidade." Ele afirmou ainda que as empresas do transporte coletivo estão reféns de uma única prestadora desse serviço e que a falta de concorrência impede a diminuição dos custos.

Além disso, o advogado da Setransp também observou que o serviços e os equipamentos do sistema de bilhetagem têm muitas falhas de funcionamento e que as empresas estão insatisfeitas com o serviço prestado pela Dataprom. "Dez por cento da frota acaba tendo problemas com o validador do car­­­­­tão- transporte, o que causa interrupções da viagem e prejuízos", afirmou ele.

Dificuldade

Um dos objetivos da reunião de ontem da CPI era esclarecer a composição da tarifa técnica. O vereador Jorge Bernardi ressaltou a dificuldade de entender como funciona a cobrança da tarifa, que envolve a análise de mais de 40 itens. " Uma diferença de 1 centavo em um desses item vai representar uma diferença de R$ 3 milhões no sistema. Temos que investigar para ver se realmente há gordura nesse sistema."