O presidente da CPI dos Grampos da Câmara, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira (18) que a comissão realizará uma perícia própria nos equipamentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para verificar se algum deles pode realizar grampo. Laudo da Polícia Federal divulgado nesta manhã afirma que os equipamentos não poderiam ter realizado a gravação do telefonema entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
A perícia da CPI será feita por técnicos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Telecomunicações da Universidade de Campinas (Unicamp). Itagiba quer ainda acesso ao parecer que teria sido feito pelo Exército nos equipamentos da agência.
"Vamos aguardar o lado do Exército e a relação dos equipamentos comprados em Washington a que se referiu o ministro Nelson Jobim (Defesa). Aí faremos uma perícia independente", disse o presidente da comissão.
Para Itagiba, a afirmação da PF de que os equipamentos da Abin não poderiam ter realizado o grampo que detonou a crise ainda não absolve a agência. "Não digo nem que isenta, nem que culpa. Não cabe isto neste momento". O presidente da CPI afirmou que o próprio relatório da PF levanta suspeitas sobre a Abin ao deixar aberta a possibilidade de escutas ambientais e em aparelhos analógicos.
Depoimentos
Na próxima semana, a CPI deve tomar novamente o depoimento do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, superior hierárquico da Abin. Foi Félix quem encaminhou o laudo da PF à CPI, à Comissão de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso e ao Ministério da Defesa. A denúncia de que a Abin teria equipamentos para realizar escutas telefônicas foi feita pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.
Também está previsto para a próxima semana o depoimento de Francisco Ambrósio do Nascimento, ex-agente do Sistema Nacional de Informações (SNI) que prestou serviços ao delegado Protógenes Queiroz durante a Operação Satiagraha da Polícia Federal. Ele é acusado de estar por trás dos grampos ilegais contra políticos e ministro do STF. Ambrósio negou a autoria do grampo em depoimento à Comissão do Congresso nesta quarta-feira (17). Na CPI, ele terá o direito de ficar calado por meio de um habeas-corpus preventivo que recebeu do STF.