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O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), confirmou que será votado na próxima terça-feira o requerimento de convocação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para dar explicações sobre as denúncias de irregularidades na prefeitura de Ribeirão Preto. A data foi decidida em um acordo entre governo e oposição conduzido pelos senadores Tião Viana (PT-AC) e José Jorge (PFL-PE). Diante da predisposição de Palocci em comparecer à CPI, é possível que os governistas votem pela sua convocação. A data do depoimento ainda não foi acertada.

A decisão de convocar o ministro é uma resposta à manobra do Palácio do Planalto de tentar encurtar a crise antecipando o depoimento de Palocci na CAE do dia 22 para quarta-feira, dia 16. A oposição quer esticar a crise, mantendo sobre o ministro, por mais algumas semanas, a nuvem negra das denúncias de irregularidades envolvendo seus ex-assessores na prefeitura de Ribeirão Preto.

- Isso (a sessão na CAE) só prorroga a situação dele, que vai continuar sangrando - disse o senador José Jorge (PFL-PE).

A decisão de convocar o ministro para falar na CPI dos Bingos sobre as denúncias que pesam contra seus auxiliares e ex-auxiliares foi tomada no fim da manhã de quarta-feira, quando PFL e PSDB se reuniram e decidiram limitar as perguntas ao ministro às questões econômicas na audiência de ontem. Com maioria na comissão e sem jamais ter perdido lá uma votação, a oposição não deve ter dificuldade para aprovar o requerimento.

Ainda não há consenso, no entanto, sobre a data do depoimento de Palocci. Alguns senadores querem que seja marcado logo, mas a tendência é que a convocação seja guardada como trunfo para ser usado em caso de arrefecimento da crise.

A estratégia de levar Palocci à CPI tem o objetivo específico de explorar melhor as denúncias sobre a chamada República de Ribeirão Preto, discutindo detalhe por detalhe as suspeitas de corrupção levantadas por seu ex-assessor Rogério Buratti. Ontem, o debate dividiria espaço com a exposição do desempenho econômico do país feita pelo ministro. O governo criticou, mas o tom não foi agressivo.

- Eu lamento. Isso mostra que parte da oposição está mobilizada para a eleição. Mas o ministro não vai se recusar a dar as respostas que forem necessárias - disse o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP).

Antes que Palocci fizesse sua exposição inicial, a decisão de convocá-lo foi praticamente comunicada ao ministro pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM):

- Seja o que for que o senhor diga aqui, PSDB e PFL não podem dar garantias de que não será convocado. Aqui vamos ouvi-lo sobre economia. Questões relativas às denúncias terão seu foro adequado.

O único obstáculo neste momento à ida de Palocci à CPI dos Bingos é o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que queria tratar ontem do assunto Ribeirão Preto mas foi voto vencido. Com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o pefelista é um dos responsáveis por ter impedido até agora a convocação de Palocci. Embora tenha dito que mudou de idéia, ele afirmou ontem que ainda não tem certeza se este é o momento certo:

- Decido até terça-feira.

Antonio Carlos, que será pressionado pelo PFL a votar pela convocação, explica o receio de muitos em relação a uma suposta saída de Palocci:

- O medo é Lula botar alguém pior no lugar.

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