A primeira sessão da CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (22), teve a escolha do presidente da comissão -um deputado do PSDB -, discussão entre governistas e oposição e protesto de estudantes, mas terminou sem que fossem apreciados requerimentos de convocação de suspeitos ou definido o relator.
Composta por oito deputados da base do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e apenas um da oposição, a CPI elegeu Marcos Zerbini (PSDB) como presidente e Adilson Rossi (PSB) como vice-presidente.
O petista Alencar Santana Braga tentou conseguir um dos cargos, mas foi vencido pelos governistas.
Com menos de uma hora de reunião, o presidente Zerbini, que tem a prerrogativa de indicar o relator, encerrou a sessão argumentando que precisava chegar a um consenso com os membros do colegiado.
O tucano propôs uma reunião fechada para a próxima terça (28), mas em meio a críticas do PT e gritos de dezenas de estudantes que lotaram um dos plenários da Assembleia, foi aprovada uma reunião aberta na terça, às 10h.
O PT criticou o fato de que não foram votados os requerimentos apresentados pelo partido, que pediam a convocação do presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), citado no escândalo da máfia da merenda, e integrantes do governo Alckmin.
“Eu não tenho conhecimento dos requerimentos. Nós precisamos [antes] aprovar uma ordem. Não podemos ouvir o presidente [Capez] agora se não temos ainda as acusações formais contra ele”, rebateu Zerbini.
“Eu não tenho nenhum receio de apurar nem de pedir a punição de quem quer que seja”, completou.
Segundo Zerbini, a reunião da próxima terça servirá para definir a periodicidade das sessões e o cronograma de trabalho. Ele disse que proporá que as reuniões continuem durante o recesso de julho.
A oposição também fez críticas à composição da CPI, vista como “chapa branca”. O presidente do colegiado disse que foi respeitada a proporcionalidade das bancadas na Casa, conforme determina o regimento.
Braga afirmou ao final da sessão que o PT irá à Justiça brigar por mais uma cadeira na CPI e que espera que os governistas façam “um gesto” de demonstração de boa vontade permitindo que ele seja o relator.
“Queremos saber: há uma máfia da merenda? Há mais empresas envolvidas? Querer criar uma cortina de fumaça investigando municípios é mais uma tática do PSDB, da base do Alckmin, que não quer investigação profunda”, disse o petista.
A CPI, criada pelos deputados em maio após protestos de alunos da rede estadual, foi instalada na Assembleia cinco meses após a deflagração da operação Alba Branca pela polícia e pelo Ministério Público.
A Alba Branca apura um suposto esquema de fraudes em licitações para fornecimento de itens da merenda pela cooperativa Coaf, mediante pagamento de propina a políticos e agentes públicos.
Estão sob suspeita contratos com a Secretaria da Educação do governo Alckmin e com dezenas de municípios paulistas.
Presente na reunião da CPI, o advogado da Coaf, Willian Rafael Gimenez, disse que a cooperativa foi “vítima” de sua antiga diretoria -que chegou a ser presa em janeiro- e que estuda pedir indenização, ao final das investigações, pelos prejuízos sofridos.