Brasília (Folhapress) – O relatório parcial apresentado pelas CPIs dos Correios e do Mensalão recomenda à presidência da Câmara dos Deputados a abertura de processo de cassação de mandato de 18 deputados, além do ex-deputado Valdemar Costa Neto, que renunciou ao mandato em 1.º de agosto (veja quadro ao lado). No documento preparado em conjuntoa pelas comissões, os relatores das duas comissões – Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) – declaram que há elementos suficientes e graves que indicam que houve quebra de decoro parlamentar e, portanto, passível de perda do mandato.

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"Existem elementos bastantes que podem demonstrar que os desvios de conduta por parte de deputados federais aqui citados indicam a quebra de decoro parlamentar, quando menos, pelo grave dano à imagem do Congresso Nacional, pelo comprometimento da atividade política, pela lesão à democracia representativa, pelo menoscabo ao Estado de Direito Democrático, enfim, por um amplo conjunto de crimes políticos expressivos o bastante para justificar a abertura de processo", afirmam os relatores na conclusão do texto de 61 páginas.

Logo na segunda página do documento, os relatores contestam que o crime de caixa 2, mesmo possivelmente cometido por outros partidos políticos em campanhas passadas, seja um crime que mereça penalidade branda – o que contrapõe os argumentos apresentados nesta semana pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e refuta as declarações feitas pelo presidente Lula em entrevista concedida na França.

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Severino afirmou que os deputados que confessaram e receberam recursos de caixa 2 mereceriam apenas uma censura; Lula disse que a prática de financiamento irregular de campanha sempre foi feita no Brasil, insinuação de que a transgressão seria menos grave do que, por exemplo, o crime de corrupção. "Quem admite caixa 2 confessa crime eleitoral. Nada mais compromete a democracia que uma eleição viciada", afirmam.

No documento, os relatores demonstram que ainda não há provas suficientes para dizer se houve o pagamento de mesada a deputados da base aliada, esquema denunciado sem provas pelo deputado Roberto Jefferson. "O que menos interessa, a esse respeito, é a periodicidade dos pagamentos. Alguns podem ter sido feitos mês a mês, outros com maior ou menor periodicidade. O fato importante, do qual não podemos nos afastar, é o recebimento de vantagens indevidas", afirmam.