Fernando Cavendish| Foto: Eduardo Knap/Folhapress

Convocados

Veja quem são os principais convocados ontem pela CPMI:

Fernando Cavendish (foto 1)

Quem é?

Dono da construtora Delta.

Por que foi convocado?

A empreiteira, que enriqueceu fazendo obras para o governo federal, é suspeita de repassar dinheiro para campanhas políticas por meio de empresas-fantasma de Cachoeira

Tem ligação com Cachoeira?

Sim.

Luiz Antônio Pagot (foto 2)

Quem é?

Ex-diretor do Dnit.

Por que foi convocado?

Diz que conseguiu doações para financiar campanha de Dilma em 2010 e que dinheiro desviado do Rodoanel bancou caixa 2 eleitoral de José Serra.

Tem ligação com Cachoeira?

Não.

Paulo Preto (foto 3)

Quem é?

Ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias).

Por que foi convocado?

É acusado por Pagot de liberar os aditivos usados para desviar dinheiro que teria financiado ilegalmente a campanha de Serra.

Tem ligação com Cachoeira?

Não.

Raul Filho (foto 4)(PT)

Quem é?

Prefeito de Palmas (TO).

Por que foi convocado?

Vídeo sugere que ele ofereceu um contrato de coleta de lixo para a Delta em troca do apoio de Cachoeira à sua candidatura. Eleito, a construtora venceu licitação para o serviço.

Tem ligação com Cachoeira?

Sim.

Fonte: Folhapress

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Luiz Antônio Pagot
Paulo Preto
Raul Filho (PT)

Após intenso debate e troca de acusações entre governistas e oposicionistas, a CPMI do Cachoeira aprovou ontem a convocação de dois personagens-chave do escândalo envolvendo o bicheiro Carlos Cachoeira, a empreiteira Delta e políticos. Foram chamados o principal sócio da Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot. Também foi aprovada a convocação de Paulo Preto, ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias); e do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). Os novos depoimentos garantem uma sobrevida longa à comissão, mas indicam que a CPMI continuará a ser palco para a briga política envolvendo PT e PSDB.

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A Delta está no centro do escândalo e suspeita-se que a empreiteira tenha Cachoeira como sócio oculto. É uma das principais construtoras do PAC e a convocação poderia levar o escândalo para o governo federal. Mas governistas avaliaram que seria inevitável chamar Cavendish diante da pressão da opinião pública. Nos bastidores, especula-se que aposta da base, no entanto, é que ele não revele nada que cause embaraços ao Planalto. O próprio Cavendish disse ontem que não tem nada a falar na comissão.

Já Pagot em princípio não tem nenhuma relação direta com Cachoeira ou com a Delta. Mas ele denunciou recentemente que a empreiteira teria sido beneficiada pela liberação irregular de aditivos na construção do Rodoanel paulista, em 2010. E que o dinheiro abasteceu o caixa 2 da campanha presidencial de Serra naquele ano. Paulo Preto, segundo a acusação de Pagot, seria o operador do caixa 2. Por isso ele foi convocado, sob forte protesto dos tucanos da CPMI.

A convocação do ex-diretor do Dnit, porém, não é uma ameaça apenas ao PSDB. Ele foi demitido do órgão no ano passado, em meio a denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes. E também recentemente Pagot afirmou que o tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, em 2010, José de Fillipi, exerceu pressão sobre empreiteiras que têm contratos com o Dnit ao pedir dinheiro para financiamento eleitoral.

Mas, ao que tudo indica, os governistas da CPMI apostam que a denúncia contra Serra tem mais elementos para prosperar do que as suspeitas envolvendo Dilma. Além disso, o PT já começou a blindar na CPMI as investidas contra a campanha da presidente. A oposição tentou ontem convocar Fillipi, que hoje é deputado federal pelo PT de São Paulo. Mas o requerimento foi rejeitado sob a alegação de que não há qualquer indício de crime cometido por ele.

Outros personagens

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Já o prefeito de Palmas foi convocado após ter sido flagrado, em um vídeo, negociando apoio de Cachoeira para as eleições de 2004. Para o PT nacional, ele é uma figura sem muita expressão. E não houve resistência à sua convocação – até mesmo porque o prefeito se colocou à disposição para prestar esclarecimentos.

A CPMI também convocou para prestar esclarecimentos outros personagens "menores" do caso, como a ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio, apontada pelas investigações da CPI e pela Polícia Federal como laranja do esquema de corrupção do contraventor. Outro convocado foi o empresário paulista Adir Assad, cujas empresas receberam R$ 50 milhões da Delta. A suspeita é que seja laranja do contraventor.

Também serão ouvidos os empresário José Augusto Quintella e Romênio Marce­­­lino Machado, ex-donos da Sigma Engenharia. Em conversa gravada com os dois, Fernando Cavendish disse que comprava por "R$ 6 milhões um senador". A Sigma foi comprada pela Delta.

A CPMI aprovou ainda o convite para que o juiz federal Paulo Augusto de Moreira Lima vá à comissão. Responsável por decretar a prisão de Cachoeira, o juiz deixou o caso porque disse ter sido ameaçado de morte.

Foi aprovado ainda a quebra de sigilos bancário e fiscal de quatro pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB): Jayme Rincon, ex-tesoureiro da campanha de Perillo e atual presidente da Agência Goiânia de Transportes e Obras Públicas (Agetop); Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor especial de Perillo; Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador; e Edivaldo Cardoso de Paula, ex-presidente do Detran de Goiás.

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Só em agostoComissão adia decisão sobre ouvir de novo o bicheiro Cachoeira

Folhapress

A CPMI do Cachoeira adiou para agosto a discussão sobre visitar o bicheiro Carlinhos Cachoeira na penitenciária da Papuda, em Brasília. Não houve acordo entre os parlamentares sobre a sugestão do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) para que um grupo de três parlamentares fosse ao presídio. A mulher do empresário, Andressa Mendonça, disse em entrevista à TV Globo que o seu marido está disposto a colaborar com as investigações. Também não foi discutido ontem na CPMI a possibilidade de reconvocar Cachoeira.

O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse ser contrário a visitar Cachoeira na penitenciária. A discussão foi adiada após o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pedir para votar esse pedido separadamente de outros requerimentos. O comando da comissão, então, decidiu retirar a discussão da pauta e a sessão foi esvaziada. "É urgente a necessidade de ouvirmos o Cachoeira, mas não no presídio", disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).