A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Cachoeira se reúne nesta quarta-feira (2), às 14h30, e pode definir as primeiras audiências. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), vai apresentar um plano de trabalho para as próximas semanas. Os parlamentares também devem eleger o vice-presidente da comissão. As informações são da Agência Câmara.
Até a última sexta-feira (27) já haviam sido apresentados 167 requerimentos com pedidos de documentos sigilosos, convocações de depoentes e solicitações de quebra de sigilos bancários e fiscais.Entre os depoimentos solicitados pelos parlamentares estão o do próprio Carlinhos Cachoeira e do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Também estão na lista o sócio majoritário da Delta Construções, Fernando Cavendish; o engenheiro Cláudio Abreu, ex-diretor regional da Delta; o contador Geovani Pereira da Silva, apontado como tesoureiro do esquema de Cachoeira; os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); o procurador-geral da República, Roberto Gurgel; e até o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
São muitos também os pedidos de quebra de sigilos bancários e fiscais. Estão no alvo dos parlamentares, além de nomes indicados pela Polícia Federal (PF) com algum tipo de ligação com Cachoeira, a Delta Construções e a Alberto & Pantoja Construções e Transportes Ltda, considerada pela polícia uma empresa de fachada, criada exclusivamente para receber dinheiro `sujo" da Delta.
Até agora, a CPMI aprovou apenas um requerimento, em sua primeira reunião, no dia 24, com pedido de informações ao STF (Supremo Tribunal Federal), à Procuradoria-Geral da República e à PF sobre as operações Vegas e Monte Carlo. O STF decidiu, na sexta-feira, compartilhar os dados do inquérito com a CPMI.
Na semana passada, o presidente da Câmara, Marco Maia, disse que considera correta a ideia de a CPMI não ter sub-relatorias. Segundo ele, a existência de sub-relatorias dilui o trabalho e há perda de foco. "Não ter sub-relatorias melhora o trabalho do próprio relator."Marco Maia, que relatou a CPI da Crise Aérea, acha que o relator deve tratar de todos os assuntos da comissão.Questionado sobre a legitimidade do relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), por ser do PT, Marco Maia respondeu que o partido tem maioria na casa, mas que o relator não representa um partido e que, portanto, é legítimo. "A composição da Câmara se dá pela representatividade e o mesmo acontece para cada comissão do Congresso."
O presidente completou que a CPMI não pode existir apenas para o debate e deve produzir o que a sociedade almeja, o esclarecimento do fato. "A CPMI tem que ter foco e necessita de análise técnica, de uma linha condutora nas investigações."