"Vai ser explosiva", afirma Maia
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse ontem que acredita que os trabalhos da CPMI do Cachoeira sejam concluídos até agosto. "Quatro meses de CPI são suficientes, se o processo for bem conduzido", avalia.
Apesar da previsão otimista relativa ao término das investigações, Maia se revela preocupado com o andamento da CPMI. "Será explosiva", acredita. "Uma coisa são essas pessoas (os acusados) dando depoimento à Polícia Federal, que é uma coisa fechada, outra é uma investigação a portas abertas, como no Congresso. Vai haver contradições, perguntas de todos os lados e detalhes que não estão nas investigações serão revelados."
Segundo o parlamentar, a principal dificuldade relativa aos trabalhos será o montante de dados a analisar e de suspeitos a ouvir. "É tanto nome que o jeito seria colocar em um pote e, aleatoriamente, sortear um", brinca.
Maia afirma que os trabalhos serão divididos com o objetivo de acelerar as investigações. "Vamos conduzir os trabalhos em duas linhas, a dos negócios em si e a dos contatos e de seus impactos nas esferas pública e privada." O presidente da Câmara, porém, faz uma ressalva: a falta de foco pode tirar a eficiência da comissão. "Atirar para tudo quanto é lado é um bom jeito para que a CPI não dê em nada."
Agência Estado
Menos de uma semana depois de ser oficialmente instalada, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira já acumula 167 requerimentos apresentados pelos senadores e deputados integrantes do colegiado. São pedidos de documentos sigilosos, convocações de depoentes e solicitações de quebras de sigilos fiscais e bancários. Entre os depoimentos, os parlamentares demonstraram que fazem questão de ouvir Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Também estão na lista o sócio majoritário da Delta Construções, Fernando Cavendish; o engenheiro Cláudio Abreu, ex-diretor regional da Delta; o contador Geovani Pereira da Silva, apontado como tesoureiro do esquema de Cachoeira; os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); o procurador-geral da República, Roberto Gurgel; e até o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
São muitos também os pedidos de quebra de sigilos bancário e fiscal. Estão no alvo dos parlamentares, além de nomes indicados pela Polícia Federal com algum tipo de ligação com Cachoeira, a Delta Construções e a Alberto & Pantoja Construções e Transportes Ltda, considerada empresa de fachada para receber dinheiro "sujo" vindo da Delta.
Entre os senadores, o que apresentou o maior número de requerimentos foi Alvaro Dias (PSDB-PR), com 31. A seguir, vem Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), com quatro, e Fernando Collor (PTB-AL), com três. Todos eles também pedem informações, que se ouçam testemunhas e indiciados ou quebras de sigilos. Por enquanto, a CPI mista aprovou apenas um requerimento, em sua primeira reunião, na terça-feira, com pedido de informações ao Supremo Tribunal Federal (STF), à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Polícia Federal sobre as operações Vegas e Monte Carlo.
Plano de trabalho
A comissão tem reunião marcada às 14h30 da próxima quarta-feira, após o feriado, quando o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), deve apresentar aos colegas um plano de trabalho para as próximas semanas. O planejamento pode não agradar a todos, visto que os integrantes da comissão divergem sobre o melhor momento para se iniciar as oitivas dos acusados. Os parlamentares pretendem também eleger o vice-presidente do colegiado.
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