O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT), afirmou ontem em Curitiba que as investigações sobre o caso Cachoeira não irão poupar ninguém. Para ele, tanto políticos da oposição como da situação serão atingidos, assim como pessoas ligadas ao poder Executivo, ao Ministério Público, imprensa e empresas privadas. Mas o PT deve ficar com um dos cargos "nobres" da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as relações do contraventor Carlos Cachoeira. O deputado Odair Cunha (PT-MG) é o mais cotado para assumir a relatoria da CPMI, que deve ser instalada hoje.
Maia, que esteve na capital paranaense para conhecer projetos de uso de biodiesel no sistema de transporte coletivo da cidade, negou que haja uma tentativa do PT de usar a repercussão do caso Cachoeira como contraponto governista ao escândalo do mensalão. Segundo ele, a CPMI fará uma grande investigação "para desmantelar esse poder paralelo que tinha tentáculos por todas as esferas de poder, sejam elas públicas ou privadas".
Segundo Maia, o governo federal não pretende "esconder" possíveis relações com agentes públicos. "Não há movimentação de nenhum partido para recuar quanto à CPMI. Todos estão mobilizados", disse. A estratégia de usar a CPI para abafar o "mensalão" foi verbalizada pelo presidente do partido Rui Falcão. "Tenho pedido inclusive que a composição da CPI esteja com aqueles quadros que tenham maior clareza política e não a transformem em um palco de disputa política entre oposição e governo", disse o presidente da Câmara. Odair Cunha, cotado para assumir a relatoria, é ligado a Maia e à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Questionado se já teria conversado com o governador Agnelo Queiroz (PT), suspeito de ter relações com Cachoeira, Maia desconversou. "Não falei com ele, nem com o Marconi Perillo [governador de Goiás e integrante do PSDB], nem com nenhum cidadão que tenha tido qualquer tipo de envolvimento com a CPI", rebateu.
Apoio maduro
Maia também comentou a decisão do PT curitibano em não lançar candidatura própria e apoiar a candidatura de Gustavo Fruet (PDT) à prefeitura de Curitiba. Para ele, isso demonstra o amadurecimento da legenda. "O partido não precisa mais se reafirmar apenas durante o processo eleitoral, e sim por aquilo que tem mostrado na sua gestão. Assim em alguns municípios grandes, podemos apoiar aliados."
Colaborou Katna Baran, especial para a Gazeta do Povo.
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