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A maior atenção para a educação infantil e fundamental em Curitiba foi a principal reivindicação popular durante a audiência pública promovida pela Câmara de Vereadores para discutir o orçamento do município para 2006. Em uma audiência tradicionalmente sem a presença da população, perto de 30 mães e conselheiras tutelares participaram para cobrar um posicionamento dos vereadores sobre os planos de execução orçamentária da prefeitura para a educação.

A prefeitura prevê um orçamento de R$ 2,63 bilhões para o próximo ano. Destes, a educação vai receber R$ 417,2 milhões, sendo 73,6% para o ensino fundamental e 20,8% para o ensino infantil, no qual se enquadram as creches. De acordo com o projeto enviado à Câmara, estão previstas construções de Centros Municipais de Educação Infantil (creches) no Bairro Novo (duas unidades), Pinheirinho, Cidade Industrial e Cajuru.

A coletora de lixo reciclável Luciene Araújo, moradora da Vila das Torres, não gostou do projeto de orçamento apresentado. "Temos um problema sério de falta de creche na Vila das Torres. As mães são obrigadas a levar as crianças nos carrinhos de coleta de lixo e acontecem acidentes", diz Luciene, que tem uma filha de três anos que fica na creche municipal da vila no período da tarde, mas deseja ver outra em período integral, já que a existente não dá conta de atender a demanda do bairro.

De acordo com a conselheira tutelar da Vila das Torres, Maurina da Silva, a falta de creche é uma das principais reclamações que chegam ao conselho. "Há falta de suporte para atender as crianças. Ainda temos os adolescentes com problema com uso de drogas e as mães buscam nosso auxílio, mas nos sentimos impotentes diante dessa sérias dificuldades", diz Araújo.

A prefeitura atende 43 mil crianças de zero a seis anos, sendo 18 mil em centros de educação próprios e o restante em escolas conveniadas. De acordo com a Secretaria Municipal da Educação, foram abertas neste ano 2,3 mil vagas novas e para o ano que vem estão previstas outras 2,5 mil. Pelas contas do Ministério Público, a fila de espera para creche é de 40 mil crianças, mas a prefeitura trabalha com a demanda manifesta, que é o número de pais que pediram vaga e diz que não passa de 10 mil.

A conselheira tutelar do Pinheirinho, Jussara Gouveia, diz que são comuns casos de crianças que ficam sozinhas em casa enquanto as mães vão trabalhar. "Sentimos muito por não termos sido convocadas pela prefeitura na época da elaboração dessa proposta. Estamos na ponta, fazemos o atendimento diário", diz Jussara. As conselheiras ainda pedem mais recursos para atendimento de dependentes de drogas e vítimas de violência ou abandono. Para o Fundo Municipal de Combate às Drogas estão previstos R$ 250 mil para o próximo ano.

A vereadora Professora Josete (PT) diz que a participação dos conselheiros tutelares na elaboração do orçamento é previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e o que foi destinado para a educação infantil está muito longe de atender a demanda. "Não que a prefeitura vá dar conta de atender a todos em um ano, mas é preciso dar sinais de melhoria dentro dessa nossa realidade", diz a vereadora.

Os vereadores podem modificar a atual proposta de orçamento, apresentando emendas. A proposta deve ser votada na Câmara Municipal dia 12 de dezembro.

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