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Fala de Lula não "convence" o PMDB

Brasília - Agência Estado

A defesa que o presidente Lula fez do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi interpretada como um gesto de solidariedade, ainda que tardio, por peemedebistas e integrantes da base. Mas a fala de Lula também foi avaliada por aliados como uma mera "formalidade" e que, efetivamente, o presidente da República não estaria se empenhando para evitar o desgaste de Sarney.

Aliados do presidente do Senado avaliaram a fala de Lula como obrigatória, já que o presidente do Congresso integra o principal partido da base de sustentação do governo no Congresso. A declaração de Lula, que disse que Sarney não pode ser "tratado como pessoa comum", foi considerada positiva, mas insuficiente. "A manifestação do presidente foi como receitar uma aspirina a um doente que está na UTI", avaliou um dirigente do PMDB. "O presidente não move um dedo para segurar o PT (que tem senadores pedindo mudanças na Casa)", disse outro aliado de Sarney.

Já Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que a manifestação do presidente foi "importantíssima". "O presidente fez uma defesa da instituição e do presidente Sarney. Lula foi firme com o Sarney como foi comigo lá atrás", disse, ressalvando que o petista teve "coragem", pois agiu na contramão da opinião pública.

Brasília - A pressão sobre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aumentou ontem com a ameaça do PSol de fazer uma representação para a cassação de seu mandato. Além disso, o grupo de senadores que pretende que Sarney promova mudanças moralizadoras na Casa cresceu de 8 integrantes, na quarta-feira, para 20 ontem.

Os senadores descontentes com a repercussão dos escândalos protocolaram na Mesa Diretora um documento dando um ultimato para que o presidente do Senado demita, em uma semana, o diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, além de toda a diretoria da Casa.

O teor do documento apresentado ontem é igual às reivindicações da quarta-feira; e é apoiado por senadores de cinco partidos: sete do PT, sete do PSDB, três do PMDB, dois do PDT e um do PSB. Metade da bancada petista no Senado assinou o documento apesar de o presidente Lula ter criticado a "onda de denuncismo" e defendido Sarney com o argumento de que o peemedebista "tem uma história no Brasil suficiente para não ser tratado como uma pessoa comum".

"Sabemos da importância do PMDB para a governabilidade. Mas o PT vai cobrar providências e pedir a anulação dos atos ilegais", afirmou o senador João Pedro (PT-AM), um dos sete petistas que assinou o documento. Uma das reivindicações propostas no documento prevê que o novo diretor-geral do Senado tenha mandato de dois anos e seu nome seja referendado pelo voto dos senadores, além da promoção de ampla reforma administrativa na Casa.

Nenhuma das oito sugestões apresentadas pelos senadores trata dos atos secretos do Senado. O documento protocolado pelos 20 senadores também não cobra o resultado dos inquéritos abertos para investigar a participação de ex-diretores da Casa em irregularidades.

Sarney fez questão, no entanto, de responder às cobranças feitas sobre o assunto, no plenário do Senado. "Os inquéritos serão concluídos e os culpados punidos severamente", garantiu Sarney. Ele afirmou ainda que concorda com três das oito reivindicações feitas pelos senadores: a redução de pessoal e a suspensão de novas contratações, a realização de reunião mensal ordinária do plenário para decidir a pauta de votações e ratificar atos administrativos e a contratação de auditoria externa para todos os contratos firmados pelo Senado. Sarney não disse uma palavra sobre a principal reivindicação do documento: a demissão de Gazineo.

O grupo dos senadores descontentes é formado por Cristovam Buarque (PDT-DF), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Tião Viana (PT-AC), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Renato Casagrande (PSB-ES), Demóstenes Torres (DEM-GO), Geraldo Mesquita (PMDB-AC) , Lúcia Vânia (PSDB-GO), Cícero Lucena (PSDB-PB), Fátima Cleide (PT-RO), João Pedro (PT-AM), Flávio Arns (PT-PR), Marisa Serrano (PSDB-MS), Delcídio Amaral (PT-MS), Eduardo Suplicy (PT-SP), Aloizio Mercadante (PT-SP) e Osmar Dias (PTD-PR).

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