À medida que se aproxima o dia da eleição, aumenta a tensão nas campanhas do interior, com mais registros de casos de violência. A briga de dois cabos eleitorais acabou em morte ontem em Céu Azul, no Oeste do Paraná. Paulo Crespo matou, com um tiro no pescoço, Ademir Becker. A polícia não confirmou se a motivação foi política. Após o crime, a Justiça Eleitoral e as coligações firmaram um acordo, restringindo a campanha eleitoral. Nada de faixas, adesivos, comícios, horário político e reuniões. Somente a distribuição de santinhos e a campanha corpo-a-corpo são permitidas. Situação semelhante ocorre em Diamante dOeste, onde também houve um assassinato. O crime não teve conotação política, mas acirrou os ânimos e as duas coligações concordaram em reduzir drasticamente as manifestações eleitorais para evitar tragédias.
Disparos
O candidato a prefeito de Peabiru, Claudinei Minchio (PT), protocolou ontem, no Cartório Eleitoral da cidade, um pedido judicial inusitado para o histórico político da pacata cidade com pouco mais de 13 mil habitantes. Além de um colete à prova de balas para ser usado durante os comícios, Minchio solicitou policiamento 24 horas por dia na residência, na casa do vice-prefeito e no comitê do partido. O pedido foi feito porque a residência do candidato e o comitê teriam sido alvos de um atentado. Homens em um carro dispararam quatro tiros que acertaram a porta principal do comitê, quebrando vários vidros. "Ouvi o barulho de um carro e em seguida os tiros. Continuei deitado apesar do susto e dos pedaços de vidros que caíram em cima do travesseiro", contou o vigia Benedito Silvestre Sobrinho, de 70 anos, que dormia no interior do comitê quando os tiros acertaram os vidros da porta principal. "Não vou dormir mais no comitê. Nunca imaginei que a política chegasse a esse ponto", desabafou Sobrinho.
Na residência de Minchio, onde foram disparados quatro tiros, dois acertaram a parede da sala e dois atingiram uma janela. Um projétil intacto de revólver calibre 38 foi encontrado na calçada em frente da casa do candidato. Minchio e família dormiam em um quarto nos fundos da residência. "As crianças ainda estão muito assustadas com tudo isso. Levantamos com medo e, agachados tentamos chegar até a janela para identificar os autores, mas eles foram rápidos", diz o candidato, que nos últimos dias teria recebido ameaças de morte e denunciado o caso a Justiça Eleitoral. "Três homens estariam acompanhando os comícios e preparados para me matar. No início não estava levando muito a sério, mas denunciei para ficar registrado, caso ocorra algo mais grave", comenta Minchio, que acredita em atentado político. "Esses tiros foram para intimidar, mas não vou desistir. Vou agir com mais cautela", afirma. A Polícia Civil de Peabiru ainda não tem pista dos autores dos tiros.