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Obras da Repar resultaram em propinas de “milhões de reais” | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo/Arquivo
Obras da Repar resultaram em propinas de “milhões de reais”| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo/Arquivo

Paulo Roberto Costa envolve mais duas empresas no esquema

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou ter recebido até R$ 8 milhões da construtora Andrade Gutierrez e da Estre Ambiental, especializada em coleta e tratamento de lixo. Apesar de já citadas ao longo da Operação Lava Jato, é o primeiro depoimento de Costa em sua delação premiada que vem a público citando valores recebidos dessas duas empresas. A maior parte da propina, "entre US$ 2 milhões a US$ 2,5 milhões", foi paga pela Andrade Gutierrez, segundo ele. A Estre, de acordo com o depoimento, teria pago R$ 1,4 milhão. No depoimento, o ex-diretor reafirmou ainda versão dada à CPI mista da Petrobras de que empresas privadas também formaram cartéis para atuar em outras áreas do governo: "Eletrobras, construção de hidrelétricas, portos e aeroportos", elencou.

Paulo Roberto Costa voltou a detalhar o quinhão da propina que cabia a partidos – principalmente PP e PMDB– e autoridades.

De acordo com Costa, "60% eram para políticos", 20% eram repartidos entre ele e o operador do esquema, responsável por receber das empresas e repassar ao ex-diretor, e o restante cobria eventuais custos.

Folhapress

"Chefe" do cartel chama políticos próximos de Lula e Dilma para defendê-lo

O empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, preso desde novembro na Polícia Federal de Curitiba , chamou o ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), para ser sua testemunha de defesa. Também foram chamados, para defendê-lo, o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, o candidato à Presidência da Câmara Federal Arlindo Chinaglia (PT), e os deputados Paulinho da Força (SD), Jutahy Júnior (PSDB), Arnaldo Jardim (PPS) e Jorge Tadeu Mudalen (DEM).

Foi chamado ainda o secretário municipal de Saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior, ex-tesoureiro da campanha de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, e da primeira campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2010. Pessoa é o primeiro empreiteiro a arrolar para sua defesa políticos e autoridades próximos de Dilma e Lula.

O empreiteiro é acusado de ser o chefe do cartel de empresas que participou do esquema de corrupção na Petrobras. A indicação dos políticos como testemunha consta de resposta à acusação feita pelo Ministério Público Federal (MPF).

Estadão Conteúdo

  • Bernardo, um dos ‘convidados’

Os crimes mais graves investigados pela Operação Lava Jato ocorreram no Paraná, de acordo com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) que conduz o caso. A afirmação consta de um novo site elaborado pelo MPF que explica detalhes da operação: www.lavajato.mpf.mp.br.

São citados pelo MPF os crimes de lavagem de dinheiro praticados pelo doleiro Alberto Youssef, que em parte ocorreram em Londrina, no Norte do estado, e também as obras de reforma da refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. O texto diz que há "provas concretas de corrupção envolvendo propinas de dezenas de milhões de reais pagas em obras" da Repar.

Berço

Os exemplos fazem parte de uma seção do site que explica os motivos de a operação estar centralizada em Curitiba. E podem ser entendidas como uma justificativa para manter o caso no Paraná.

Desde o início da operação, as defesas dos acusados já fizeram várias tentativas de transferir os processos para outros estados. O principal objetivo dos advogados é tentar tirar as ações das mãos do juiz federal Sérgio Moro, da 13.ª Vara Criminal de Curitiba. Moro é considerado implacável e intransigente com casos de corrupção.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que o Paraná – e especificamente Londrina – pode ser considerado o "berço" da Lava Jato.

"O berço é onde está o Alberto Youssef. O Alberto é ligado à parte dos crimes financeiros. E, dos crimes políticos, o pivô era o [ex-deputado do PP, já falecido] José Janene. E os dois são de Londrina", disse Lima.

No site da Operação Lava Jato, os procuradores explicam ainda que "os primeiros fatos investigados envolviam lavagem de dinheiro praticada, entre outras pessoas, por Alberto Youssef, e aconteceram em Londrina, no Paraná". No decorrer das investigações, foram descobertos crimes em outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.

"Além de Alberto Youssef ter sede no Paraná e em São Paulo, ele lavou ativos por meio de atividades e imóveis localizados em Londrina e em Curitiba, gerenciando suas atividades ilícitas também a partir daí", diz o texto.

Os imóveis citados foram transferidos ao poder público a partir do acordo de delação premiada que o doleiro firmou com o MPF em troca de redução de pena. Isso incluiu hotéis em São Paulo e na Bahia e o Hotel Bluee Tree Premium, em Londrina. Youssef admitiu que os bens, que somam R$ 50 milhões, foram obtidos com dinheiro sujo.

Além da lavagem de dinheiro e dos desvios da Repar, a Gazeta do Povo já mostrou outros fatos relacionados à Lava Jato que ocorreram no Paraná. A previdência dos servidores de Paranaguá, no litoral, investiu R$ 2 milhões em um fundo administrado por Youssef. E obras privadas no Porto de Paranaguá são citadas em uma planilha apreendida com o doleiro, levantando suspeita sobre a possibilidade de pagamento de propina de cerca de R$ 14 milhões.

R$ 2,1 bilhões foram desviados da Petrobras

De acordo com balanço do MPF divulgado no site da Operação Lava Jato, pelo menos R$ 2,1 bilhões foram desviados da Petrobras, contando apenas os crimes já denunciados. O valor deve crescer com o decorrer das investigações.

O MPF também destaca que 232 empresas e 150 pessoas estão sendo investigada. E informa que R$ 450 milhões de valores desviados já foram recuperados. Outros R$ 200 milhões em bens dos réus foram bloqueados pela Justiça para o ressarcimento de danos e pagamento de multas em caso de futuras condenações.

O site da Lava Jato (www.lavajato.mpf.mp.br) entrou no ar anteontem. Funciona como um banco de dados operação, além de explicar os procedimentos da investigação.

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