Com dificuldades para impor sua agenda mesmo diante de um governo federal enfraquecido, o PSDB vai renovar sua Executiva Nacional no próximo mês buscando superar uma espécie de crise de identidade pela qual passa e tentando encontrar um discurso unificado para as eleições municipais de 2016. Embora comemorem a deterioração da imagem do governo Dilma Rousseff e do PT, setores do PSDB admitem que ainda falta à legenda mecanismos para poder capitalizar a insatisfação dos eleitores.
Internamente há também cobranças para que o discurso dos tucanos seja mais facilmente assimilado pela população. Outra crítica interna é que faltaria uma postura mais clara em relação a temas que envolvem o dia a dia da sociedade.
Partido precisa manter a coerência, afirma Fernando Henrique
Muita gente do PSDB votou, no Congresso, contra a reeleição e contra o fator previdenciário, medidas que o próprio partido criou. Faltam unidade e direção aos tucanos?
São questões de natureza diferente. A duração do mandato depende da opinião que se tenha sobre a reeleição, não é questão doutrinária e não afeta diretamente o povo. Já acabar com o fator previdenciário ou diminuir as exigências de idade e tempo de trabalho agrava a situação fiscal e, a médio prazo, o custo cairá no bolso do povo.
O partido passa a impressão de desunião.
A imagem de um PSDB desunido aparece toda vez que estamos próximos a uma disputa eleitoral ou quando há ansiedade diante de um grande impasse. Por que isso? Provavelmente porque o PSDB não tem dono.
Qual seria o caminho para aproveitar a crise do PT?
É compreensível que haja hesitação: votar contra tudo que vem do governo “do PT”, como este fez quando éramos governo, ou manter a coerência? Para mim não há dúvidas: é manter a coerência, denunciando, ao mesmo tempo, o oportunismo do PT.
Recentemente, posições da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados foram alvo de ataques de tucanos históricos por contrariar decisões antigas do partido– principalmente o apoio ao fim da reeleição e a flexibilização do fator previdenciário, instituídos no governo presidencial de Fernando Henrique Cardoso, além de outras votações da reforma política e do ajuste fiscal. FHC, por exemplo, defendeu a manutenção da reeleição, mas foi muito mais veemente em condenar o apoio maciço de tucanos ao fim do fator previdenciário. Para o ex-presidente, isso vai comprometer seriamente as contas do país.
Neste ano, o PSDB também viveu momentos de dissidência interna e críticas externas ao decidir descartar a possibilidade de pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Após queda de braço entre integrantes da bancada na Câmara e a cúpula do partido, optou-se, a contragosto de parte dos deputados, por um pedido de ação penal contra Dilma por causa das chamadas pedaladas fiscais.
Na avaliação de integrantes da Executiva Nacional e da bancada no Congresso ouvidos pela reportagem, a ambiguidade em algumas iniciativas da cúpula do PSDB se deve, em parte, ao chamado “eleitoralismo”, em que por receio de impactos eleitorais evita-se um posicionamento ostensivo em assuntos polêmicos. “Acho que precisa ter uma posição política sobre os temas que estão no cotidiano da sociedade”, diz o deputado federal Jutahy Junior (BA).
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