A impressão que ele passou é de que o governo erra, mas quem paga a conta é a sociedade.
Para o cientista político Mário Sérgio Lepre, da PUCPR, os índices apontados pelo Instituto Paraná Pesquisas mostram que o eleitor rejeitou o pacote de medidas de austeridade proposto pelo governo início do mês passado – assim como o formato no qual ele foi apresentado, numa tentativa de aprová-lo às pressas. O impacto do “pacotaço”, aliado à crise na educação – uma área particularmente sensível –, fizeram com que os números de aprovação de Richa caíssem de forma recorde. “A impressão que ele passou é de que o governo erra, mas quem paga a conta é a sociedade”, diz.
Já para Emerson Cervi, cientista político da UFPR, há, por parte do eleitor, um sentimento de que “as decisões administrativas não refletem o discurso e as propostas do candidato à reeleição”. “Não tem a ver só com as estratégias políticas, mas com a autonomia do eleitor. É uma forma do cidadão dizer que as promessas de campanha não se concretizaram”, afirma.
Ele diz que a queda não pode ser analisada sem considerar o contexto atual. “Os prefeitos estão com uma avaliação ruim, o governo federal está em baixa, as avaliações dos governos estaduais, em geral, estão baixas. Há um descontentamento geral com as administrações”, afirma. Ainda assim, a queda da popularidade do governador, de 65% para 20%, está muito acima de outros governantes.
Cervi avalia, porém, que a reversão desses números é “totalmente possível” ao longo dos próximos quatro anos. “Vai depender das próximas decisões [de Richa] e, claro, do contexto econômico do país”, afirma. Lepre avalia de forma similar. “Se ele teve essa queda em apenas três meses, é claro que há a possibilidade de as coisas mudarem. Mas ele vai ter que repensar sua estratégia política e aprender a dialogar melhor com a sociedade”, afirma.
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