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Paulo Octávio, governador em exercício, em obra de rodovia. Ele quer rever contratos com empresas | Renato Araujo/ABr
Paulo Octávio, governador em exercício, em obra de rodovia. Ele quer rever contratos com empresas| Foto: Renato Araujo/ABr

Prisão de Arruda vira atração no feriado em Brasília

A prisão de Arruda virou atração na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Na manhã de ontem, várias pessoas foram até o local para levar presentes ou protestar. Um homem identificado como Adilson tentou entregar um livro de poesias intitulado Coletânea Poética do Guará ao governador, mas foi barrado na portaria pela segurança da PF.

Na quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça determinou a prisão de Arruda e de mais cinco pessoas pela tentativa de suborno do jornalista Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do inquérito policial que investiga o mensalão do DEM. Isolado em uma sala da Instituto Nacional de Criminalística da PF, Arruda tem recebido refeições caseiras e cuidados médicos.

O presidente interino do DEM no Distrito Federal, o deputado Osório Adriano, que queria visitar o governador, também foi barrado ontem. Segundo a PF, a entrada foi negada porque o nome de Adriano não constava na lista de pessoas autorizadas a visitar o governador.

O deputado evitou fazer comentário sobre a prisão de Arruda. "Essa parte política, prefiro não comentar. Vim visitar o meu amigo José Roberto Arruda", afirmou. Adriano disse que ainda é cedo para decidir quando os integrantes do DEM deixarão o governo do DF, conforme determinou a Executiva Nacional do partido na sexta-feira

Além de virar atração, a prisão de Arruda serviu de inspiração para enredo de carnaval no bloco de rua Pacotão, um dos mais tradicionais do Distrito Federal. Em meio a faixas e fantasias, a distribuição de panetones embalou marchinhas com letras que fizeram o tempo todo referência à prisão de Arruda e ao esquema de corrupção envolvendo a cúpula do governo do DF, assessores, deputados distritais e empresários. "Quem foi, quem foi/Que fez esse ebó?/Derrubou Arruda/E de lambuja o P.Ó!", dizia uma das marchas cantadas por participantes do bloco Pacotão.

Folhapress e Agência Estado

A Operação Caixa de Pandora, que levou à prisão o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), está respingando em todas as grandes legendas. No sábado, a Polícia Federal apreendeu recibos de doações ao DEM no anexo da residência oficial do governador, que era usado por Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda e suspeito de arrecadar propina. O PT também teme ser prejudicado, por causa de visitas do ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz a Durval Barbosa, pivô do escândalo no Distrito Federal. O partido rachou e uma ala defende agora a candidatura do deputado federal Geraldo Magela ao Palácio do Buriti. Pelo lado dos tucanos, a preocupação é com um palanque para as eleições deste ano. Há a possibilidade de apoiar Joaquim Roriz (PSC) ao governo distrital, mas as ligações dele com Barbosa também geram preocupações.

As doações, cujos recibos foram encontrados pela PF, foram feitas por empresas com interesses em negócios no Distrito Federal. Conforme a polícia, os comprovantes de doação foram apreendidos junto com uma lista de pagamentos a empresas, incluindo as que, segundo a investigação, pagavam propina ao esquema do mensalão. Na análise do material apreendido, a PF diz que "chamam a atenção os valores" pagos a empresas suspeitas de financiarem o esquema e já citadas em depoimento por Durval Barbosa,que delatou o mensalão. As empresas doadoras ao DEM não constam da lista.

Quem assinou os recibos foi o te­­­soureiro da Executiva Nacional do partido, Saulo Queiroz. Ele disse que as doações são legais e foram registradas e que os recibos foram encaminhados às empresas.

Novos rumos

O governador interino do Dis­­­trito Federal, Paulo Octávio (DEM), disse ontem que pediu um estudo sobre as empresas investigadas na operação Caixa de Pandora que têm contrato com o governo. Segundo ele, não seria "conveniente" seguir com algum projeto com empresas que não passaram por licitação.

Octávio, no entanto, pode ter dificuldades em ver concretizando seus planos de governo. Ele é alvo de quatro pedidos de impeachment – um deles assinado pela OAB do Distrito Federal. "Não há sentido do pedido de impeachment, já que estou no primeiro dia de governo e não assinei nenhum ato. Ao que me consta, o afastamento seria por atos irregulares cometidos durante a gestão", disse, na sexta-feira.

Os pedidos de impeachment contra Arruda – que, por enquanto, está apenas afastado do cargo –, serão analisados na próxima quinta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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