O PMDB do Paraná aguarda o desfecho das CPIs do Congresso Nacional para tratar da política de alianças para a sucessão estadual de 2006. A reação contrária da opinião pública diante das denúncias envolvendo o PT, principal aliado do governador Roberto Requião, pode provocar um distanciamento entre os dois partidos e o fim da aliança que teve início na eleição de 2002.

CARREGANDO :)

O vice-presidente estadual do PMDB, deputado Nereu Moura, disse que o partido está em "compasso de espera" aguardando uma punição exemplar dos envolvidos no esquema de mensalão, inclusive com a cassação de mandato. "São pessoas do PT que estão envolvidas e terão que ser punidas com rigor senão vai ser difícil o PT sobreviver", prevê.

O desgaste político que a crise em Brasília está provocando está sendo medido pelos deputados junto à população. Nos últimos 20 dias, Nereu Moura visitou 56 municípios e conversando com pessoas de todas as classes sociais afirma ter concluído que a indignação é geral. "Tenho sentido de perto a revolta. O povo diz que esperava denúncias de corrupção em todos os partidos, menos no PT, que sempre defendeu a ética e a seriedade", disse.

Publicidade

Faltando pouco mais de um ano para as eleições, a preocupação é que se as irregularidades não forem esclarecidas, candidatos de todos os partidos que vão enfrentar as urnas em 2006 serão penalizados. "Corremos o risco de ter uma alavanche de votos brancos e nulos. Todos vão pagar a conta porque o descrédito é geral", disse.

A participação do PT na aliança com o PMDB na campanha de reeleição do governador é dúvida não só pela resistência de alguns governistas em ter o partido no mesmo palanque, mas porque depende da decisão do próprio PT em lançar ou não candidato próprio ao governo do estado. Os cotados são o senador Flávio Arns e a diretora financeira da Itaipu Binacional, Gleisi Hofman.

Para o deputado Alexandre Curi (PMDB), o PT tem o caminho livre para ter candidato próprio porque os dois partidos já estão quites. O governador Roberto Requião, segundo ele, foi "fiel" ao presidente Lula nas últimas quatro eleições e já retribuiu o apoio recebido pelos petistas do Paraná na sua eleição ao governo, defendendo a candidatura do petista Ângelo Vanhoni na disputa pela prefeitura de Curitiba, no ano passado.

O PMDB pode abrir um leque mais amplo de alianças no próximo ano. "O governo Requião tem possibilidade de conversas até com partidos que não o apoiaram na eleição passada", prevê Alexandre Curi. Assim como o governador e o Diretório Estadual, o deputado defende que o PMDB fique fora do governo Lula, até porque o retorno ao Paraná não é satisfatório. "Existem muitas reclamações, o governo federal deveria ser mais parceiro", disse.

O governador Roberto Requião também vem dando sinais de afastamento com o PT. Em Londrina, na segunda-feira, voltou a criticar a "política econômica neoliberal" do governo federal e disse estar "profundamente" decepcionado com o presidente Lula. Sobre a aliança do próximo ano no Paraná, Requião afirmou que só será discutida durante as convenções de junho, mas fez questão de lembrar que o PT está sinalizando com candidato próprio ao governo.

Publicidade